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Israel mata dez membros da família de chefe do Hamas em Gaza

Ismail Haniyeh, líder político do movimento Hamas, ao lado de sua irmã, Zahr, assassinada por um bombardeio israelense nesta terça-feira, 25 de junho [Reprodução/Redes Sociais]

Um ataque aéreo de Israel matou dez membros da família de Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político do movimento Hamas, no campo de refugiados de Shati, no norte de Gaza, reportou a agência de defesa civil do enclave sitiado.

Em nota emitida nesta terça-feira (25), o Hamas responsabilizou o governo dos Estados Unidos do presidente Joe Biden pela continuidade da “guerra de extermínio” contra o povo palestino da Faixa de Gaza.

Conforme a nota, Washington insiste em conceder a Israel “cobertura política e militar, assim como ganhar tempo, para cumprir sua missão de destruição e extermínio”.

Mahmud Basal, porta-voz da agência de defesa civil de Gaza, relatou à rede de notícias AFP que os disparos, na madrugada desta terça, tiveram como alvo direto a residência da família de Haniyeh, em Shati.

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“Há dez mortos até então, incluindo Zahr Haniyeh, irmã de Ismail”, comentou Basal, ao corroborar que ainda há corpos sob os escombros, mas que suas equipes “carecem dos equipamentos necessários” para extraí-los.

Haniyeh não vive em Gaza, mas sim exilado em Doha, no Catar.

As equipes de defesa civil transferiram os mortos ao Hospital al-Ahli, nos arredores da Cidade de Gaza, confirmou Basal, além de diversos feridos.

O Hamas reivindicou da comunidade internacional e das Nações Unidas que “cumpram suas responsabilidades diante dos crimes hediondos ainda em curso e assumam ações urgentes para proteger civis inocentes e levar os líderes terrorista da ocupação [Israel] à justiça”.

O exército israelense confirmou um ataque a dois prédios em Shati e Daraj Tuffah, sob pretexto de que havia combatentes envolvidos nos ataques de 7 de outubro — porém, novamente, sem provas.

Nas redes sociais, o comunicado militar ignorou a família de Haniyeh.

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Em abril, um ataque israelense no centro de Gaza matou três filhos e quatro netos de Haniyeh. O exército israelense acusou as vítimas de “atividades terroristas”, apesar de, entre elas, haver crianças.

Segundo Haniyeh, na ocasião, forças israelenses mataram cerca de 60 membros de sua família estendida desde outubro, somados às 37.600 vítimas letais da agressão colonial contra a população civil da Faixa de Gaza.

As ações israelenses também deixaram 85 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

Além das ações na região norte, Israel conduziu ataques ao centro de Gaza, sobretudo o campo de refugiados de Maghazi, onde cinco pessoas morreram. Vídeos de crianças removidas dos escombros circularam online.

Khan Younis, ao sul, também foi atacada, deixando ao menos dez mortos.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, insistiu que sua guerra prosseguirá mesmo que um acordo de cessar-fogo seja firmado com Hamas.

Apesar de duas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas para cessar a guerra, Israel rejeita sequer negociações.

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Netanyahu é acusado de manter a guerra em causa própria, para evitar a implosão de seu governo e eventual prisão por corrupção. As ofensivas à família de Haniyeh podem ser analisadas como forma sabotar as conversas, mediadas por Estados Unidos, Egito e Catar.

Tel Aviv mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, em retaliação à operação transfronteiriça do Hamas que capturou colonos e soldados.

Segundo o exército ocupante, 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. O número, no entanto, sofre escrutínio, após o jornal israelense Haaretz reportar “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes de Israel para impedir a tomada de reféns.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, conforme denúncia sul-africana deferida em 26 de janeiro.

Em maio, a promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), na mesma cidade, pediu mandados de prisão contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant.

O promotor-chefe de Haia, Karim Khan, requereu ainda um mandado contra Haniyeh e outros dois líderes do Hamas. Ambos os lados se queixaram da equiparação.

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Para Netanyahu, a solicitação se soma à crise de diplomacia e relações públicas, diante do acúmulo de evidências de crime de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

Para Haniyeh, contudo, é uma alternativa de defesa do direito à resistência, segundo a lei internacional, incluindo a resistência armada, à medida que supostas “atrocidades” do Hamas são desmentidas.

As ações israelenses em Gaza equivalem a punição coletiva, caracterizado como crime de guerra conforme o direito internacional.

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