Três mulheres americana foram violentamente agredidas por forças da ocupação israelense enquanto tentavam ajudar uma mulher deficiente em visita à Mesquita de Al-Aqsa, na terça-feira (12), apesar de mostrarem aos soldados seus passaportes.
Nour Hawash, estudante de enfermagem da Virgínia, em Jerusalém de férias, estava tirando fotos com sua mãe e irmã após as orações do meio-dia, quando soldados da ocupação israelense invadiram o complexo e começaram a evacuar o Domo da Rocha.
“De repente, ouvimos o disparo desses tiros e as pessoas correndo para todos os lados. Vimos a FDI [soldados israelenses], armas apontadas, correndo, tentando perseguir as pessoas. Então nós corremos com todos os outros para o canto,”
Nour relatou ao MEMO.
O número de tropas israelenses no pátio cresceu rapidamente, de uma dúzia a algo entre 50 a 100 soldados; Nour também testemunhou a prisão de muitos homens palestinos.
“Eles não permitiam que ninguém chegasse perto do Domo da Rocha, cercaram-no por todas as portas,” afirma a estudante de 21 anos de idade. “Então havia uma senhora idosa sendo empurrada quando saía da área de oração e ela caiu de sua cadeira de rodas e não conseguia sentar-se novamente. Eu vi que algumas mulheres estavam tentando ajudá-la, mas elas eram empurradas, então tentei ajudar também.”
No entanto, quando Nour se aproximou da senhora idosa, encontrou-se rendida ao chão por um soldado israelense, que algemou um de seus pulsos e prosseguiu sentando-se sobre ela para imobilizá-la.
“Foi aí que algo como dez a quinze soldados estavam me imobilizando com seus pés, tentando algemar minha outra mão. Então peguei meu passaporte e disse a ela [a soldado] que sou cidadã americana e ela respondeu: ‘Eu não ligo para o seu documento’ e jogou meu passaporte para o lado.”
Outros soldados então arrastaram a mãe de Nour, Germeen Abdelkarim, para longe de sua filha e a empurraram contra a parede e a algemaram, enquanto Safa, a irmã mais nova, assistia em desespero.
“Minha irmã ia e voltava tentando nos alcançar, mas era fisicamente jogada no chão, socada e empurrada. Eles tentaram arrancar seu véu e tentaram sufocá-la com ele, para que minha irmã não se aproximasse de mim” – lembra-se Nour.
Após ser imobilizada por mais de meia hora, um guarda israelense pegou o passaporte americano de Nour do chão e instruiu os outros soldados a soltá-la. Ela e sua mãe foram violentamente empurradas para longe, e atiradas para fora do Domo da Rocha, perto dos portões do complexo.
Contudo, todas as portas estavam bloqueadas e a família encontrou-se presa próxima à entrada por uma hora, incapaz de acessar a mesquita ou o restante da Cidade Velha. Mesmo após a abertura dos portões, a Cidade Velha foi mantida sob confinamento por outras três horas. Só então, Nour e sua família puderam retornar ao seu hotel.
Nour entrou em contato com a embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, para lhe informar do tratamento que sua família recebeu; embora oficiais tenham dito que irão registrar uma queixa sobre o incidente, é improvável que qualquer outra ação seja tomada para responsabilizar os soldados pelo ataque. Exceto alguns cortes e hematomas, a estudante não sofreu ferimentos graves.
Tensões em Jerusalém cresceram nas últimas semanas, após ser restabelecido o acesso de palestino à área do Portão Al-Rahma na mesquita de Al-Aqsa, onde puderam rezar pela primeira vez em mais de 15 anos. Porém, o Primeiro-Ministro Israelense Benjamin Netanyahu tem afirmado que seu governo pretende fechar o portão novamente, apesar do repúdio de oficiais palestinos.
Na última semana, forças israelenses entraram na área de orações Al-Rahma vestindo calçados, o que é visto como uma tentativa deliberada de provocar os fiéis palestinos.
Para Nour, cuja mãe é originária de Gaza, sua experiência reflete a realidade que os religiosos palestinos enfrentam regularmente.
“Sempre vemos essas coisas na TV ou no Facebook, nós nos tornamos indiferentes a isso. Mas quando vivemos de fato e testemunhamos a realidade dos palestinos é algo completamente diferente. Mudou minha perspectiva e honestamente estamos enxergando a superfície do que eles passam dia após dia,” ela conclui.
Conforme o acordo vigente sobre Jerusalém, forças israelenses são proibidas de entrar na Mesquita de Al-Aqsa, que está sob administração do Waqf jordaniano (fundo financeiro religioso). Também são evidentemente proibidos de atacar os fiéis.
Entretanto, colonos israelenses costumam invadir o complexo em coordenação com as forças de Israel, realizando rituais e prometendo destruir a mesquita, enquanto religiosos muçulmanos são assediados ou barrados de entrar. Grupos colonos radicais reiteram há algum tempo seus chamados por aumento do número de ataques ao local sagrado, em particular durante feriados judaicos significativos.