Discussões em torno dos prospectos precários da Palestina sob o contexto do auto-intitulado “acordo do século” de Donald Trump versus a conciliação de dois estados continuam. Aparentemente, amparada somente por essas duas alternativas de risco sobre a mesa, a Palestina está sendo lançada ao esquecimento.
Em antecipação ao acordo de Trump, um grupo de ex-oficiais de países europeus enviou uma carta ao Ministro de Relações Exteriores da União Europeia e à Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. Eles reivindicam da UE que repudie o acordo americano e corroboram para “os parâmetros internacionalmente acordados para uma solução de dois estados.”
A carta trata os Acordos de Oslo como “um marco da política internacional de cooperação transatlântica” e descreve as decisões de Trump como uma “aposta com a segurança e a estabilidade de diversos países localizados às portas da Europa.” Isso ocorre no contexto de encerramento do auxílio dos Estados Unidos à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA). Caso a Europa aceite o acordo de Trump, a carta alerta, o resultado será “acelerar o declínio da alternativa de dois estados e danificar fatalmente a causa da paz duradoura para palestinos e israelenses.”
Uma leitura cuidadosa do documento demonstra que há maiores preocupações sobre a UE manter a vantagem no que concerne às negociações diplomáticas, ao invés de dar importância ao que acontecerá aos palestinos no contexto do acordo vindouro de Trump. De fato, para concluir, a carta declara que a divergência na política vigente é “uma oportunidade definitiva para reforçar princípios compartilhados… e, portanto, manifestar o papel unívoco da Europa como ponto de referência à ordem global fundamentada no direito.”
Todas as preocupações demonstradas por todas as partes envolvidas estão alienadas da luta palestina por libertação. Será questionado: onde estavam quando possuíam posições de poder e influência? O que fizeram ou disseram em qualquer benefício aos palestinos?
É fato que a Palestina foi alterada, quase irrevogavelmente, pela colonização europeia e que os Estados Unidos agora lançam-se em aventuras que aceleram o processo. A UE está meramente competindo por influência internacional sobre os tópicos relativos a Israel e assim o faz em detrimento do território palestino e das vidas palestinas; não possui qualquer autoridade moral ao proteger o colonialismo israelense.
Ao contrário dos Estados Unidos nessa conjuntura, no entanto, a União Europeia possui o apoia da chamada comunidade internacional devido ao denominador comum da “solução de dois estados”, um comprometimento fatal que recompensa o estado responsável pela limpeza étnica em andamento do povo da Palestina. Uma vez que a comunidade internacional há muito tempo manipula o consenso geral como sendo equivalente em justiça e legitimidade, a UE está diplomaticamente um passo à frente em termos de relações internacionais.
No que interessa a Israel, tanto os EUA quanto a UE estão servindo à agenda colonial. Os EUA concentra-se em promover a normalização pública das relações com Israel e fornecer incentivos, enquanto a UE é responsável por normalizar tais relações e manter a ilusão de apoio aos direitos palestinos. No entanto, a premissa implícita da imposição de dois estados, fundamentada pelos Acordos de Oslo, marco de esforço diplomático, ludibriou os palestinos e os privou de suas terras.
Caso a União Europeia mensura seu sucesso por Oslo, deve ser transparente sobre sua agenda implícita e sobre os danos consequentes aos palestinos. Dizer à UE para rejeitar os planos de Trump a fim de apoiar um paradigma obsoleto é simplesmente escolher qual violação irá preservar; a escolha entre o menor de dois males: o plano de Trump e a concessão de dois estados. Ambos priorizam Israel, normalizam o colonialismo e subjugam os palestinos como meros recipientes de ajuda humanitária dada em compensação à terra roubada e às vidas destruídas.
A UE também deve alcançar seu objetivo de ser um ponto de referência internacional, mas vale relembrar Bruxelas de que a “ordem global fundamentada no direito” não é equivalente a justiça. A posição da Europa, embora menos beligerante que a posição americana, também é baseada na premissa de proteger o projeto colonial israelense na Palestina a todo custo, a maior parte do qual é afligido sobre a população nativa palestina.
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