Os organizadores israelenses do festival Eurovision deste ano temiam que alguns dos competidores, sob pressão do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), pudessem introduzir comentários políticos em suas performances.
No final, entretanto, foi Madonna, convidada especial do Eurovision, quem utilizou sua performance para fazer uma declaração política.
A competição deste ano foi mais política do que costuma ser, realizada no contexto de uma campanha do movimento BDS que pedia a artistas, fãs e emissoras a não participar do evento, como protesto contra as políticas israelenses em Cisjordânia e Gaza.
Embora nenhum artista ou radiodifusor tenha cancelado sua participação, a super-estrela do pop Madonna causou surpresa durante a performance especial de duas canções – “Like A Prayer”, sucesso de 1989, e “Future”, com participação do rapper americano Quavo.
No final do segundo número, dois dançarinos de apoio apareceram brevemente no palco vestindo uma bandeira palestina e outra israelense na parte de trás de seus figurinos.
A União Europeia de Radiodifusão (EBU, em inglês), co-produtora da competição ao lado da emissora nacional israelense, publicou uma declaração imediatamente após sua performance. “Este elemento da performance não foi aprovado pela EBU e pela emissora sede, KAN. O Festival da Canção Eurovision é um evento não-político e Madonna foi informada disso,” afirmou a declaração, segundo a agência Reuters.
A cantora de 60 anos de idade, seguidora da Cabala, versão esotérica do judaísmo, recebeu críticas de ativistas pró-Palestina por se apresentar no evento.
Ela defendeu sua decisão ao publicar uma declaração no início da última semana, na qual prometeu sempre se expressar em defesa dos direitos humanos e afirmou ter esperanças de ver “um novo caminho para a paz.”
Hatari, banda que competiu pela Islândia, exibiu pequenas faixas palestinas ao vivo durante a contagem de pontos. A EBU afirmou que a manifestação política “contradiz diretamente as regras da competição.”
When many tried to convince Madonna to boycott Jewish self-determination and persistence, she got on the #Eurovision stage with an Israeli and Palestinian flag in support of co-existence.
— Ariel Sobel (@arielsobelle) May 18, 2019