Israel publicou no domingo (19) uma ordem de demolição para um playground infantil em uma aldeia beduína não reconhecida no sul de Israel, embora o estado não tenha planos de evacuar a comunidade.
Odeh Zanoun, chefe do comitê dos residentes em Rakhma, afirmou que o equipamento do playground foi instalado dois anos atrás por um dos residentes, perto de sua casa.
“Qualquer um que quisesse, poderia vir brincar. Ele nos faz um favor,” contou. “De tarde até a noite, as crianças não tinham o que fazer senão se sentarem em casa. Então ele fez alguns postes e balanços, e agora querem demolir tudo.”
A Administração de Terras afirmou: “O equipamento do playground foi erigido em terras do estado sem permissão ou coordenação; pior, sem qualquer certificado de segurança, além da construção ilegal. Isso é um perigo que constitui invasão de propriedade e risco de segurança pública.”
Rakhma é lar de aproximadamente 850 pessoas, espalhadas em torno de 16 lotes de terra, perto da cidade israelense de Yeruham, cerca de 35 km ao sul de Be’er Sheva, no deserto do Negev, reitera o jornal Haaretz.
Em 2009, autoridades demoliram uma escola primária na aldeia; em seguida, tiveram de construir outra em seu lugar conforme petição judicial. A aldeia não possui qualquer instituição educacional senão pré-escolas e não há qualquer playground ou centro comunitário; fora isso, as crianças da aldeia devem viajar longas distâncias para ter acesso à educação.
Estimativas reunidas pelo Ministério da Educação demonstram uma lacuna evidente no acesso ao ensino entre beduínos e o público geral israelense.
Alguns anos atrás, autoridades israelenses interromperam processos de reconhecimento oficial da aldeia e seu futuro permanece incerto. Nos últimos anos, a política israelense sobre comunidades beduínas não reconhecidas costuma ser demolir somente novas construções, ou seja, deixar intactas estruturas existentes.
Como resultado, a maior parte das estruturas na aldeia – todas consideradas construções ilegais sob a lei israelense – não estão em risco de demolição; no entanto, novas residências não podem ser construídas.
Um plano concebido em 2014 para erigir uma nova cidade para os residentes beduínos da região ganhou apoio do Conselho Local de Yeruham e recebeu ampla aprovação de ministros e oficiais do governo.
Entretanto, foi interrompido pouco depois do legislador conservador Uri Ariel ser nomeado ministro responsável por lidar com os beduínos de Israel, além de seu associado próximo, Yair Maayan, tornar-se diretor-geral da Autoridade para o Desenvolvimento e Assentamento dos Beduínos no Negev.
Desde então, Maayan pressiona pela expulsão dos beduínos de Rakhma, além de outras comunidades não reconhecidas na área, para cidades existentes, ao invés de propor o estabelecimento de novas comunidades.