Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, afirmou na segunda-feira (27) que um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear é possível. Trump creditou às sanções econômicas a contenção de atividades vistas por Washington como responsáveis pela enxurrada de ataques no Oriente Médio, conforme relatou a agência Reuters.
“Realmente acredito que o Irã gostaria de chegar a um acordo, e seriam espertos de fazê-lo, e acredito que é uma possibilidade aberta,” Trump declarou durante uma coletiva de imprensa com Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão, em Tóquio.
“O Irã tem a chance de ser um grande país com a mesma liderança,” disse Trump . “Nosso objetivo não é a mudança do regime – só quero deixar claro isso. Nosso objetivo é que não tenham armas nucleares.”
Tensões entre Estados Unidos e Irã aumentaram após um ataque contra navios-petroleiros na região do Golfo, neste mês. Washington, aliado firme da Arábia Saudita, rival regional de Teerã, acusou o Irã de responsabilidade pelos ataques. O Irã negou as acusações.
Os Estados Unidos então enviaram um porta-aviões e bombardeiros (em formação conhecida como carrier strike group – CSG), à região do Oriente Médio, além de 1.500 tropas adicionais ao Golfo, incitando o receio de um conflito iminente.
Os comentários de Trump sucedem uma declaração feita por seu conselheiro de segurança nacional, John Bolton, no sábado (25), que reiterou que os Estados Unidos obtiveram acesso a informações “graves e sérias” sobre ameaças impostas pelo Irã, porém, sem fornecer detalhes.
Trump, em visita de quatro dias ao Japão, agradeceu o auxílio de Abe ao lidar com o Irã após a emissora NHK alegar que o líder japonês considera viajar a Teerã em meados de junho. O Irã afirmou que uma visita é improvável no futuro próximo.
“Sei muito bem que o primeiro-ministro é bastante próximo da liderança iraniana, e veremos o que acontece,” sugeriu Trump.
Durante sua coletiva de imprensa conjunta com Trump, Abe reiterou que o Japão faria o possível sobre a questão iraniana. “A paz e a estabilidade no Oriente Médio são muito importantes para o Japão, para o Estados Unidos e para a comunidade internacional como um todo,” afirmou Abe.
No ano passado, Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear internacional firmado em 2015 com o Irã. Desde então, decidiu impor sanções em um esforço para interromper as vendas internacionais de petróleo bruto do Irã e sufocar sua economia.
O Japão foi um dos principais importadores de petróleo iraniano por décadas antes da imposição das sanções americanas – que Trump reitera serem então eficientes. “Eles lutam em muitas frentes,” afirmou sobre o Irã. “Agora estão recuando porque têm sérios problemas econômicos.”
Bolton, que tem liderado uma política exponencialmente predatória sobre o Irã, descreveu os recentes ataques a bomba contra navios-petroleiros, na costa dos Emirados Árabes Unidos, e contra o oleoduto de uma estação de bombeamento, na Arábia Saudita, além de um ataque de foguetes contra a Linha Verde de Bagdá, como “manifestações preocupantes” sobre suposta participação do Irã.
O Irã afastou-se da responsabilidade pelos bombardeios. No domingo (26), Mohammad Javad Zarif, Ministro iraniano de Relações Exteriores, declarou que seu país se defenderá contra qualquer agressão militar ou econômica.