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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

União Europeia deveria denunciar o colonialismo israelense por sua incitação e violência

Forças de segurança de Israel atacam palestinos após a oração de sexta-feira, na saída do complexo da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, 20 de julho de 2017 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Livros escolares palestinos estão novamente sob escrutínio público, dessa vez após um relatório publicado pelo Instituto Israelense de Monitoramento da Paz e da Tolerância Cultural no Ensino Escolar (IMPACT-se, da sigla em inglês) alegar que o material era “mais radical do que publicado previamente”. A União Europeia (UE) desde então confirmou que financiará a avaliação executada “por um instituto de pesquisa independente reconhecido internacionalmente.”

De acordo com o IMPACT-se: “Este novo currículo deliberadamente omite qualquer tópico escolar de discussão de paz ou referência à presença judaica na Palestina antes de 1948.” Federica Mogherini, Representante de Relações Exteriores da União Europeia, afirmou que o estudo identificará “possíveis atos de incitação ao ódio e à violência e qualquer possível descumprimento dos padrões da UNESCO de paz e tolerância na educação.”

Mais uma vez, os palestinos são coagidos a adotar padrões determinados por agentes políticos que normalizaram a presença colonial de Israel na Palestina. A questão não é se há alguma referência à presença judaica na Palestina, mas porque há tamanha oposição concentrada à preservação de sua própria história e identidade por parte dos palestinos, ambas massacradas pelas forças de Israel durante a Nakba, ainda vigente.

Que ninguém esqueça, a comunidade internacional como um todo tem, de uma forma ou de outra, apoiado a narrativa sionista relativa à Palestina. Esta narrativa não deixa espaço para que os palestinos asseverem sua presença nativa na Palestina antes de 1948; o mito de “terra sem povo para um povo sem terra” e suas subsequentes variações foram utilizadas pelos sionistas para justificar sua intenção de colonizar a Palestina, assim como para implementar seu projeto. É a narrativa sionista que eliminou os palestinos. Ao escapar dessa premissa, torna-se claro que os palestinos possuem uma obrigação em relação ao seu próprio povo, à sua história e memória, caso desejem lutar contra o desaparecimento absoluto de sua própria identidade como um povo distinto sob opressão israelense, esta, por sua vez, sob apoio da comunidade internacional.

Apoiadores de Israel protestam contra resolução da ONU, em Londres
[Federação Sionista/Facebook]

É imperativo que os palestinos estabeleçam sua própria agenda de acordo com seus próprios padrões. Israel tem feito dessa forma, em violação flagrante aos direitos humanos, e suas ações agora são normalizadas por “preocupações de segurança” e “autodefesa” pela comunidade internacional. Os palestinos têm razões legítimas para ir no encalço de sua própria trajetória de libertação – um direito garantido pela lei internacional – embora tenham que aguardar constantemente pela aplicação de normas internacionais que ignoram os detalhes da violência e da expansão colonial contínua de Israel.

A UNESCO descreve educação para a paz como “promover a construção de paz através do ensino em situação tanto de conflito quanto de paz.” A terminologia utilizada é ideal para a comunidade internacional, a qual passou décadas reinventando o colonialismo israelense na palestina como o “conflito israelo-palestino” que pode ser supostamente resolvido através de “negociações de paz”. Não poderia haver melhor combinação para a UE promover sua diplomacia. O estímulo da UNESCO de discurso normalizado para alterar as possibilidades do ensino é uma agenda agressiva contra os palestinos e uma oportunidade para a União Europeia apresentar-se como um mediador ativo das normas internacionais.

Dado que não há qualquer crítica coletiva a tais normas aceitas, qualquer ação que demonstre o mínimo toque de repúdio legítimo em favor de uma postura que claramente fala em nome do oprimido – neste caso, o povo palestino – receberá como resposta a continuidade do recrutamento europeu de indivíduos e instituições para reforçar o que é aceito internacionalmente. Os livros didáticos palestinos e seu conteúdo, no entanto, não surgiram do nada. A União Europeia não deveria financiar estudos que impedem os palestinos de asseverar seu direito à Palestina histórica em seu próprio currículo educacional. Ao contrário, deveria denunciar a presença de Israel na Palestina como uma forma permanente de incitação e violência colonial.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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