Hoje (31), Israel baleou e matou dois palestinos nos territórios ocupados de Jerusalém e Cisjordânia, mantendo a repressão violenta contra fiéis no mês sagrado islâmico do Ramadã.
A primeira vítima tinha 19 anos de idade e não foi identificada. Foi baleada em Jerusalém no início da manhã desta sexta-feira. Acredita-se que o jovem, originário da Cisjordânia ocupada, estava em Jerusalém para visitar a Mesquita de Al-Aqsa para a última sexta-feira do Ramadã.
A imprensa israelense acusou o jovem de tentar executar um ataque a faca contra dois colonos israelenses perto do Portão de Damasco, na Cidade Velha. Ele foi baleado e morto pela Polícia Israelense no local.
A polícia então impôs severas restrições de acesso à Cidade Velha e ao redor do complexo da Mesquita de Al-Aqsa, revistando todos os fiéis palestinos que viajavam ao local, segundo relatos de um correspondente da agência de notícias Wafa.
Enquanto isso, na Cisjordânia ocupada, o jovem Abdullah Louai Ghaith, de 16 anos, foi baleado perto da cidade de Belém. Originário de Hebron, Ghaith tentava atravessar a região de Wadi Abu Al-Hummus, próxima às aldeias de Al-Khas e Al-Numan, quando o Exército de Israel abriu fogo e o baleou no peito. Morreu imediatamente.
Outro jovem palestino, Mu’men Abu Tbaish, de 21 anos, também sofreu ferimentos graves e foi encaminhado às pressas para um hospital próximo, registrou a Wafa.
Conforme relatos, Ghaith e Tbaish tentavam viajar até a Mesquita de Al-Aqsa, a qual não pode ser acessada por palestinos da Cisjordânia sem autorização israelense. Embora Israel tenha permitido, em teoria, a viagem de homens acima de 40 anos, crianças menores de 13 anos e mulheres para Jerusalém sem requerimento de licenças durante o período do Ramadã, todos os homens abaixo de 40 anos são proibidos de entrar na cidade sem a devida documentação.
No entanto, na prática, Israel generalizadamente impede os palestinos de viajar a Jerusalém durante o Ramadã. No início deste mês, uma investigação conduzida pela organização Al-Monitor, sediada em Washington, revelou que “não há critérios oficiais para as licenças [de viagem], somente condições a ser consideradas”. Além disso, os candidatos devem requerer a autorização embora possam ser rejeitados sem qualquer justificativa.
Walid Wahdan, porta-voz da Autoridade Palestina (AP), relatou ao Al-Monitor que as condições para elegibilidade podem variar; “por vezes, os candidatos devem ser casados, viúvos e divorciados são excluídos”. Milhares de outros candidatos, no entanto, “têm o requerido negado por razões de segurança”.
Mais cedo neste mês, um homem palestino morreu em um posto de controle israelense enquanto tentava viajar para visitar Al-Aqsa. Originário de Hebron, Sulieman Jamal Al-Harroub, de 60 anos de idade, sofreu um ataque cardíaco no Checkpoint 300, próximo a Belém, após ser forçado a esperar em uma longa fila sob o forte calor. Apesar de Israel ter publicado um vídeo alegando a atenuação dos procedimentos de controle para o Ramadã, na realidade, o processo continua bastante árduo.
Os palestinos que conseguem chegar a Al-Aqsa são constantemente submetidos a evacuações do complexo, prisões arbitrárias e diversas invasões ao local sagrado por colonos israelenses. Embora o Waqf jordaniano, fundo de reservas religioso que administra o complexo, tenha condenado as ações israelenses, Israel nada fez para alterar sua política.