Um navio cargueiro saudita deixou o porto de Fos-sur-Mer, no sul da França, sem levar sua carga de armas destinadas à Arábia Saudita. Foi impedido de fazê-lo após a pressão de ativistas, conforme informou um grupo de defesa dos direitos humanos nesta quinta-feira.
O incidente foi relatado pela ACAT, uma organização cristã contra a tortura. É a segunda vez neste mês em que uma embarcação saudita é impedida de carregar armas na França, enquanto a pressão aumenta em Paris para impedir a venda de armas ao reino.
Um outro navio saudita deixou a costa norte da França há duas semanas sem uma carga de armas, depois que os estivadores ameaçaram bloquear sua chegada ao porto de Le Havre. Isso aconteceu semanas depois de um site de investigações on-line ter vazado informações militares francesas que mostravam que armas vendidas para o reino, incluindo tanques e sistemas de mísseis guiados por laser, estavam sendo usadas contra civis na guerra do Iêmen.
A ACAT disse que o cargueiro saudita Bahri Tabuk retornou ao mar na noite de quarta-feira, com seus porões vazios.
“Mais uma vez, diante da mobilização dos cidadãos e de nossas ações legais, um cargueiro saudita teve que enviar armas francesas, desta vez em Fos-sur-Mer”, disse Nathalie Seff, da ACAT-France, em um comunicado.
Dados de embarque do Refinitiv Eikon mostraram que o navio de bandeira saudita, rotulado como um veículo transportador que carregou farelo de soja no passado, deixou Fos e estava navegando para Alexandria no Egito.
Os governos da França e da Arábia Saudita e as autoridades portuárias não puderam ser contatadas para comentar o caso na noite de quinta-feira.
A ministra francesa das Forças Armadas, Florence Parly, disse que a França tinha uma parceria com a Arábia Saudita. Quando a primeira embarcação foi impedida de carregar em Le Havre, ela disse que as armas estavam relacionados a um encomenda de vários anos atrás.
A ACAT disse que entrou com um recurso na semana passada com o Tribunal Administrativo de Paris para bloquear embarques de armas para a Arábia Saudita, argumentando que as vendas violavam um tratado da ONU porque poderiam ser usadas contra civis no conflito iemenita, porém o recurso fora rejeitado.