As empresas precisam colocar o respeito aos direitos humanos no núcleo de suas atividades empresariais, tornando o “fazer o bem” provavelmente reconhecido como uma tendência duradoura, caso a vejam como uma forma de investir em seus lucros, declarou a advogada internacional de direitos humanos, Amal Clooney, nesta terça-feira, conforme informações da agência Reuters.
Clooney, advogada de origem britânico-libanesa, afirmou que as empresas têm agora de responder “em tempo real” aos eventos que envolvem abusos de direitos humanos e que, cada vez mais, são responsabilizadas por seu comprometimento ou implicação.
Ela citou o exemplo das empresas internacionais que cancelaram uma conferência de investimentos na Arábia Saudita após o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, no consulado da monarquia em Istambul, no último mês de outubro.
“Todos os negócios estão em uma posição onde, caso não ajam, serão julgados por suas comunidades,” declarou Clooney em uma conferência sediada pela plataforma de comércio global SAP Ariba.
“Profissionais dos negócios e pessoas comuns nas democracias do Ocidente costumam pensar que os direitos humanos se referem a outras pessoas, alguém que vive longe demais e não se parece em nada com elas – e isso não é verdade.”
Clooney destacou os ataques contra os direitos das mulheres em muitos países, incluindo violência sexual em “proporções de epidemia”, na Ásia, África e Oriente Médio, assim como a perseguição da comunidade LGBT+ e repressão a jornalistas em todo o mundo.
A advogada atualmente trabalha em casos contra militantes do Estado Islâmico (Daesh) para condená-los por seus crimes de lesa-humanidade, incluindo abuso sexual e escravidão de mulheres da minoria iraquiana yazidi.
Amal Clooney inspired us to make a difference on Day 1 of #SAPAribaLive.
How will you use tomorrow’s hands-on content to develop strategies for maximizing the social impact of your procurement? pic.twitter.com/8RpWaYw8ot
— SAP Ariba (@SAPAriba) June 4, 2019
Se fazer o bem pode ser lucrativo, então fazer o bem pode ser sustentável.
Casada com o ator de Hollywood George Clooney desde 2014, a advogada reconheceu que fazer justiça nem sempre pode ser lucrativo a curto-prazo. Ela relembrou um encontro com Kofi Annan, ex-Secretário-Geral das Nações Unidas, onde ele apelou a grandes conglomerados farmacêuticos que diminuíssem o preço dos remédios, a fim de torná-los acessíveis aos mais pobres.
Segundo ela, ao recrutar e promover uma força de trabalho mais diversa, incluindo mulheres, as empresas terão maiores chances de impulsionar sua rede de lucros, pois é uma questão de atrair os melhores talentos. “Em último caso, caso as empresas acreditem que fazer o bem possa ser lucrativo, então fazer o bem pode ser sustentável,” ela afirmou.