Cinquenta e dois anos atrás, Israel lançou uma guerra contra seus vizinhos e tomou controle das partes da Palestina que não havia capturado durante sua “Guerra de Independência”, em 1948.
O que: A Naksa Palestina (“Revés”)
Quando: 5 de junho de 1967
Onde: Palestina
O que aconteceu?
Em 5 de junho de 1967, Israel lançou um ataque preemptivo contra Egito, Jordânia, Iraque e Síria. Após derrotar as defesas aéreas desses países, ocupou Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Faixa de Gaza, assim como as Colinas de Golã, da Síria, e a Península do Sinai, do Egito. Dessa forma, passou a controlar os 22 por cento restantes da Palestina histórica que não havia conseguido em 1948.
Uma estimativa de 400.000 palestinos foi adicionada às centenas de milhares de refugiados deslocados em 1948 e suas aldeias e lares foram destruídos pelos israelenses. Cerca de metade voltou a ser deslocada menos de vinte anos depois. A limpeza étnica na palestina estava em processo de execução (como está até hoje).
O número de refugiados palestinos nos campos operados pela Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) cresceu nos territórios da Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Síria e Líbano.
A Naksa recorda o revés trágico da luta palestina por liberdade e autodeterminação.
O que aconteceu a seguir?
Os resultados da guerra lançada por Israel foram, para muitos de seus cidadãos e apoiadores, a concretização de uma promessa divina. Ao anexar 44 por cento do território destinado pelo Plano de Partilha da ONU de 1947 para o estado palestino, aos 56 por cento reservados ao estado judeu, a investida marcou uma nova etapa tanto para Israel quanto para os palestinos despojados de sua pátria.
Em 20 anos desde seu reconhecimento como estado independente, Israel iniciou uma ocupação que se tornaria a mais longa na história moderna, agora com mais de cinquenta anos, e ainda aumentando. Os palestinos nos “territórios palestinos ocupados” foram submetidos à ocupação militar brutal de Israel, assim como a atentados de colonos judeus armados, para os quais a vitória israelense era obra de Deus e licença para colonizar a terra que acreditavam ser prometida a eles e somente a eles.
A autoridade já repressiva de Israel sobre os palestinos residentes em suas fronteiras não-declaradas avançou para Gaza e Cisjordânia. Quase imediatamente, uma matriz de controle e dominação – que incluía postos de controle, requerimentos de licença e demolições de casas – foi imposta à vida de milhões de palestinos sob a ocupação israelense.
Para os palestinos, a combinação da derrota árabe durante a “Guerra dos Seis Dias”, o reiterado fracasso da comunidade internacional em proteger seus direitos humanos e a colonização total da Palestina por Israel os compeliu a reavaliar suas situação. Ao testemunhar a inutilidade de confiar nos outros para dar fim aos sofrimentos impostos durante décadas, os palestinos passaram então a se organizar politicamente, na tentativa de reverter as perdas de 1948 e superar sua miséria e apatridia.
Nos anos após a Naksa, as comunidades palestinas na diáspora e nos campos de refugiados passaram a se organizar tanto em termos políticos quanto sociais. Os inúmeros contratempos sofridos pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) não os detiveram. As atividades dos segmentos da sociedade civil levaram: à criação do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) no fim da década de 1980; ao levante popular, agora conhecido como Primeira Intifada; além do reconhecimento por Israel da OLP, agora sob organização do movimento secular Fatah, como “representante exclusivo do povo palestino”. Esta fase do processo político encerrou-se com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1994, que forneceu aos palestinos em Gaza e Cisjordânia um “programa interino de autodeterminação”.