Ancara relatou aos Estados Unidos que está disposta a comprar seu sistema de mísseis Patriot após a entrega do sistema S-400 adquirido da Rússia, caso os americanos ofereceram um acordo tão vantajoso quanto o investimento russo, anunciou o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan na última terça-feira (4).
Após participar da oração do Eid na Mesquita de Camlica, em Istambul, Erdogan declarou que “não há diálogo algum sobre a Turquia recuar de seu acordo com Moscou. Estamos de pleno acordo, estamos determinados.”
O anúncio de continuidade do processo de compra do sistema de mísseis S-400 pela Turquia acontece em uma conjuntura de meses de tensões e conflitos diplomáticos entre Estados Unidos e Turquia. A declaração é o último fato dentre os acontecimentos de uma disputa contínua na qual os Estados Unidos interromperam um processo de venda de seus renomados jatos de combate F-35 ao Exército turco.
Em 2017, Ancara negociou um acordo no valor de US$ 2.5 bilhões com Moscou pelo sistema S-400, ignorando alertas dos Estados Unidos de que a compra do sistema bélico traria consequências políticas e econômicas.
Washington alega que o sistema russo é incompatível com os jatos F-35. Em abril, o Secretário de Estado Mike Pompeo afirmou em audiência ao Comitê de Relações Internacionais do Senado que “não é possível voar com o F-35 no mesmo espaço onde o S-400 está em operação significativa.”
A preferência pelo sistema S-400 e o acordo com a Rússia levantou dúvidas sobre o papel da Turquia na OTAN. Dentre os países membros da aliança, a Turquia detém o segundo maior contingente militar. Muitos observadores receiam que a introdução do sistema russo comprometerá a segurança, defesa e integridade territorial dos países da OTAN.
Em 22 de maio, os Estados Unidos supostamente emitiram à Turquia um ultimato de duas semanas para escolher entre os dois sistemas bélicos. Caso a Turquia se recuse a cancelar a compra do S-400, os americanos ameaçam interromper também a venda dos jatos F-35, assim como anular o acordo que estabelece a Turquia como um dos países integrantes da cadeia logística da aeronave.
O prazo final para a decisão está previsto para o fim desta semana. A Turquia alega que não foi dada nenhuma exigência oficial. No entanto, o ultimato levantou receios de possíveis sanções aplicadas pelos Estados Unidos a Ancara.
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