Quando o presidente dos EUA, Donald Trump, contornou o Congresso, no mês passado, para aprovar um acordo multibilionário com armas para a Arábia Saudita, ele também permitiu que o reino desenvolvesse partes complexas de bombas de precisão, de acordo com um informe divulgado na sexta-feira pela Agência Anadolu.
A declaração de emergência de Trump permite que a empresa de armas norte-americana Raytheon compartilhe tecnologia com Riad, o que poderia permitir que o reino saudita desenvolvesse suas próprias bombas guiadas a laser, de acordo com o New York Times.
Entre os componentes que os sauditas agora podem trabalhar com a empresa estão os sistemas de controle e a eletrônica vital da série de bombas inteligentes da Raytheon, a Paveway. Essa tecnologia foi anteriormente protegida por Washington.
Grupos de defesa dos direitos humanos rastrearam ataques anteriores da Arábia Saudita com uso de munições que resultaram em baixas civis em massa, incluindo um ataque em 2016 a uma agência funerária na capital do Iêmen que matou 150 pessoas e feriu centenas de outras vítimas.
O compartilhamento de tecnologia é apenas uma parte de um pacote abrangente de armas que Trump promoveu, alegando uma suposta ameaça crescente do Irã, diante da preocupações do Congresso.
A medida enfureceu legisladores, incluindo alguns dos mais fiéis aliados de Trump, que estavam segurando a venda por causa de preocupações humanitárias em relação ao Reino, incluindo o número de civis atingidos durante sua campanha aérea no Iêmen e o assassinato do colunista Jamal Khashoggi, do Washington Post.
Um grupo bipartidário de parlamentares anunciou quarta-feira planos de reunir 22 votos em resposta à declaração de Trump.
As quase duas dúzias de resoluções conjuntas de desaprovação têm o objetivo de censurar o presidente por suas ações após o bloqueio das vendas pelo Congresso, desde 2018. O componente de bombas inteligentes estava bloqueado desde pelo menos maio do ano passado, segundo o Times.
Os senadores republicanos Lindsey Graham, Rand Paul e Todd Young estão sendo acompanhados pelos democratas Jack Reed, Bob Menendez, Chris Murphy e Patrick Leahy no ataque formal.
As resoluções planejadas não bloquearão a venda de armas sem uma maioria à prova de veto em ambas as câmaras do Congresso, e não está claro se os legisladores terão êm o apoio necessário. Mas os votos servirão como um confronto público com o presidente.
“A credibilidade desta administração quando se trata de vendas de armas, direitos humanos e o estado de direito está em frangalhos”, disse Leahy em um comunicado. “Ao introduzir resoluções de desaprovação, os republicanos e democratas estão unidos em apoio a um processo de consulta ao ongresso que funcionou bem durante décadas, independentemente de qual partido controle a Casa Branca”.