O Catar afirmou neste domingo que há um desencontro entre os palestinos e os Estados Unidos sobre o esquema americano projetado para encerrar o conflito entre israelo-palestino. O país do Golfo alertou que uma solução não pode ser imposta aos palestinos, segundo informações da agência Reuters.
O plano americano, coordenado por Jared Kushner, genro do presidente Donald Trump e conselheiro da Casa Branca, é visto pelos palestinos, e por alguns políticos e oficiais árabes, como um plano de eliminação da causa palestina.
“Pelo que podemos ver, há hoje um desencontro entre palestinos e americanos,” declarou o Sheikh Mohammed bin AbdulRahman al-Thani, Ministro de Relações Internacionais do Catar, a repórteres em Londres. “Nossa postura permanece bastante firme: apoiaremos qualquer plano que os palestinos estejam dispostos a aceitar.”
Kushner, em campanha para mobilizar apoio ao plano de paz, afirmou em entrevista exibida na semana passada que os palestinos merecem “autodeterminação”, mas interrompeu seus comentários ao ser questionado sobre o apoio a um estado palestino e expressou incerteza sobre a habilidade do povo palestino de governar a si mesmo.
As diretrizes específicas da proposta ainda não foram reveladas; contudo, fontes árabes e palestinas que já receberam informações de seu esboço alegaram que Kushner aniquilou a solução de dois estados – fórmula historicamente defendida pela comunidade internacional e pelos Estados Unidos, cujo intuito é estabelecer um estado palestino independente em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, ao lado de Israel.
“Não pode ser uma solução, digamos, imposta aos palestinos – nenhum país no mundo árabe pode aceitar isso,” declarou o ministro. “Caso o plano seja rejeitado por uma das partes significa que o plano ou é injusto ou simplesmente não é realista,” prosseguiu. “O melhor cenário é: ou ambas as partes o aceitam ou ambas as partes o rejeitam.”
O Sheikh Mohammed afirmou que não haverá uma conferência de compromisso. O ministro elogiou a parte econômica da proposta de Kushner como “maravilhosa”; porém, reiterou a necessidade de uma base política sólida.