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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Relembrando a Guerra do Líbano de 2006

Tropas israelenses na fronteira com o Líbano [foto de arquivo]

O que: Ofensivas militares israelenses via ar, mar e terra contra o Hezbollah libanês

Quando: 12 de julho a 14 de agosto de 2006

Onde: Sul do Líbano e Norte de Israel

O que aconteceu?

Entre 12 de julho e 14 de agosto de 2006, Israel travou uma guerra contra os postos avançados do Hezbollah no sul do Líbano e na capital Beirute, via ar, mar e terra. No decorrer dos 34 dias do conflito, Israel executou milhares de ataques aéreos, enquanto o Hezbollah atirava mísseis contra o norte do território israelense. Segundo a organização Human Rights Watch (Observatório de Direitos Humanos): “O conflito resultou em ao menos 1.109 libaneses mortos, a grande maioria civis, 4.399 feridos e uma estimativa de um milhão de deslocados.” A organização também revelou que 43 civis israelenses e 12 soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI) foram mortos durante o confronto.

O conflito deflagrou-se quando, em 12 de julho de 2006, forças de operação do Hezbollah atravessaram a fronteira entre Israel e Líbano para emboscar um veículo militar israelense em missão de patrulha. Três soldados israelenses foram mortos e dois outros foram capturados. Quando Israel enviou uma missão de resgate ao Líbano, na tentativa de encontrar os cativos, cinco outros soldados foram mortos.

O Hezbollah exigia a libertação de prisioneiros libaneses detidos em Israel em troca dos dois soldados capturados. Israel recusou. Ao contrário, decidiu lançar ataques aéreos e terrestres em larga escala contra o território libanês. Também impôs um bloqueio aéreo e naval ao país.

Os ataques aéreos israelenses buscavam atingir posições militares do Hezbollah assim como, de forma extensiva, a infraestrutura civil, incluindo o aeroporto de Beirute, estações de rádio e televisão e escolas. O Human Rights Watch registra que “aviões de guerra israelenses lançaram cerca de 7.000 bombas e mísseis no território do Líbano.”

Em retaliação, o Hezbollah atirou mísseis contra Israel, muitos dos quais mísseis Katyusha primeiramente utilizados pela União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Em 16 de julho, oito funcionários ferroviários foram mortos por foguetes que atingiram a estação de trem em Haifa. Outras cidades no norte de Israel também foram atingidas, como Safed, Nazaré e Afula.

Em 30 de julho, a Força Aérea Israelense bombardeou a aldeia de Qana, no sul do Líbano, resultando na morte de 28 civis, incluindo 16 crianças, além de 13 pessoas desaparecidas. Esta foi a segunda vez que Israel abriu fogo contra Qana com consequências fatais. Em abril de 1996, Israel atirou contra um complexo da ONU onde civis buscaram abrigo. Ao menos 106 pessoas foram mortas na ocasião, 116 civis e quatro soldados das Ilhas Fiji servindo à Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) foram feridos. A ofensiva de 2006 gerou protestos internacionais; Israel foi então alvo de críticas severas feitas pela comunidade internacional por utilizar civis como alvos de guerra. Em 2 de agosto, o Human Rights Watch denunciou Israel por cometer crimes de guerra.

A guerra de 2006 ocorreu seis anos após Israel encerrar sua ocupação no sul do Líbano, que durou 18 anos consecutivos, desde a invasão ao país em 1982. Na ocasião, Israel sitiou Beirute em uma tentativa de expulsar Yasser Arafat e a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), eventualmente forçados ao exílio na Tunísia.

O que aconteceu a seguir?

Em 11 de agosto de 2006, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 1701 a fim de encerrar as hostilidades. Hassan Nasrallah, Secretário-Geral do Hezbollah, afirmou que estudaria um cessar-fogo e o gabinete de Israel votou a favor da resolução. O cessar-fogo de fato foi implementado no dia 14 de agosto. Eventualmente, Israel suspendeu o bloqueio marítimo ao Líbano em 8 de setembro de 2006.

Tensões entre Líbano e Israel na fronteira – cartum [Carlos Latuff/Monitor do Oriente Médio]

A princípio, tanto Israel quanto o Hezbollah alegaram vitória. Nasrallah declarou que o Hezbollah conquistou uma “vitória estratégica, histórica e divina”. Alguns observadores internacionais consideraram o fato do Hezbollah ter sobrevivido à ofensiva israelense, apesar do desequilíbrio de forças, como uma vitória de relações públicas para o grupo libanês. Segundo a agência de notícias Reuters, o governo libanês estimou o dano direto da guerra no valor de US$ 2.8 bilhões, além da perda de produção e receita para 2006 no valor de US$ 2.2 bilhões. A economia encolheu cinco por cento; o turismo efetivamente foi suspenso.

Em Israel, a guerra desde então passou a ser vista como um fracasso militar devido à sua incapacidade de desarmar ou destruir o Hezbollah. Após o conflito, uma comissão de inquérito indicada pelo governo israelense – a Comissão Winograd – caracterizou a guerra como uma “oportunidade perdida” e revelou uma série de deficiências nos processos deliberativos israelenses.

Também acredita-se que a guerra contribuiu para a queda de Ehud Olmert, então Primeiro-Ministro de Israel. Olmert é visto por comentaristas israelenses como o último líder de centro-esquerda, cujo fracasso no Líbano fez ressurgir a carreira política de Benjamin Netanyahu, incitando indiretamente seu retorno ao poder dois anos mais tarde. A esquerda israelense permanece perdida; Netanyahu é primeiro-ministro desde 2009.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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