Desde 1967, estima-se que 220 prisioneiros palestinos morreram nas cadeias israelenses. A última vítima é Nasser Taqatqa, detido em junho em sua casa, em Beit Fajjar, acusado de supostos laços com o Hamas. Taqatqa, 31 anos de idade, foi interrogado em Shin Bet, torturado e confinado na solitária. Na terça-feira (16), foi encontrado morto. Sua morte levou a uma nova onda de protestos entre os palestinos, além de destacar novamente a atenção muito necessária à luta dos prisioneiros palestinos nas cadeias israelenses.
Segundo o jornal israelense Haaretz, Taqatqa foi encontrado morto no centro de saúde mental do complexo penitenciário, onde foi levado para atendimento médico. A imprensa palestina declara que ele foi transferido para diferentes salas de interrogatório e constantemente confinado em cela solitária. Taqatqa foi visto pela última vez na prisão de Nitzan, onde faleceu na solitária, segundo os relatos.
Israel alegou que a morte de Taqatqa foi decorrente de um derrame. Entretanto, a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos declarou que os resultados da autópsia revelaram tortura extrema e abusos consecutivos, o que levou à morte.
O Ministro de Relações Internacionais da Palestina divulgou uma declaração na qual afirma: “O martírio de Taqatqa nas celas de interrogatório demanda ação imediata pelo Tribunal Penal Internacional e abertura de investigações oficiais sobre os crimes da potência ocupante, a fim de indiciar e responsabilizar os criminosos de guerra israelenses.”
Desnecessário dizer, a declaração foi ignorada. Nenhum chamado por justiça emergiu da comunidade internacional. À medida que as Nações Unidas deixam de ouvir os apelos dos prisioneiros palestinos enquanto ainda estão vivos, torna-se evidente uma indiferença ainda maior da organização em relação aos prisioneiros torturados e mortos.
De maneira semelhante, a contínua exploração dos prisioneiros palestinos pela Autoridade Palestina não ajuda em nada a causa. Ao contrário, facilita a transferência de muitos palestinos às prisões israelenses, enquanto os serviços de segurança da Autoridade agem como uma extensão de Israel na Cisjordânia ocupada. A Autoridade não possui qualquer razão fundamental para falar em nome dos direitos dos prisioneiros palestinos. Trata-se apenas de mais elemento depreciativo da comunidade internacional no que se refere à denúncia do caso, devido ao conveniente descaso das Nações Unidas em relação às suas obrigações.
Enquanto isso, a distância crescente entre a Autoridade Palestina e o povo palestino continua a distrair o público em relação à luta dos prisioneiros palestinos. A AP é um fator determinante para discriminar sua população como vítima permanente, sem qualquer proteção de seus líderes – um cenário, evidentemente, favorável a Israel.
Longe da arena enclausurada do jargão de direitos humanos, ainda não há sequer um único aspecto para se alegar que tais direitos tenham obtido ao menos uma vitória irreversível, mesmo que seja um caso isolado. A imprensa relata reações – prisioneiros batendo nas portas ou em greve de fome diante das notícias de mais outra morte de um companheiro palestino –, mas o que estes relatos de fato nos dizem sobre os prisioneiros nas cadeias israelenses? Nada. Os esforços coletivos abafam suas vozes, ao ponto de ocorrerem assassinatos frequentes via tortura e negligência médica, e provocarem somente um profundo esquecimento de suas causas e histórias particulares, equivalente sobretudo à perda da identidade, ao menos quando refere à percepção externa. Com exceção dos palestinos próximos às forças israelenses, quem então de fato relega um momento de reflexão sobre os prisioneiros palestinos antes de torná-los apenas manchetes transitórias nas crônicas da violência colonial de Israel?
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