Nesta quinta-feira (25), acadêmicos e gestores universitários palestinos denunciaram que uma severa crise financeira ameaça a continuidade dos trabalhos das universidades palestinas na Faixa de Gaza para o ano de 2020.
No decorrer de um encontro de jornalistas com funcionários de três universidades palestinas (a Universidade Islâmica, a Universidade Al-Azhar – Gaza e a Universidade e Colégio de Ciências Aplicadas), os acadêmicos e gestores universitários atribuíram a crise financeira à diminuição em até 30 por cento da taxa de matrícula estudantil.
Yahya Al-Sarraj, membro do comitê encarregado de solucionar a crise universitária em Gaza, reiterou que as universidade sofrem hoje de uma crise econômica significativa. “Esta crise resultou na impossibilidade das universidades realizarem o pagamento de salários aos professores, de modo que os débitos aos trabalhadores universitários alcançou o valor de US$ 28-35 milhões,” enfatizou Al-Sarraj.
Ele esclareceu que os débitos dos estudantes às universidades alcançou este índice em 2019, entre US$ 28 e 35 milhões. Al-Sarraj expressou receios de que as universidades não possam aceitar estudantes a partir do próximo ano, devido à crise financeira. Além disso, segundo ele, a hesitação dos estudantes em se matricularem nas universidades ameaça a sociedade com novas crises sociais, que podem levar a “desastres inesperados”.
Mazen Hamada, Vice-Presidente para Assuntos Financeiros e Administrativos da Universidade Al-Azhar – Gaza, afirmou que a crise econômica enfrentada pelas três universidades presentes começou há aproximadamente dez anos atrás.
Ele enfatizou que o fato das universidades não conseguirem cobrir o déficit financeiro ameaça gravemente o próximo ano acadêmico e a possibilidade de que tais instituições mantenham-se operantes.
Segundo Hamada, o número de estudantes matriculados nas três universidades citadas caiu de 45.000 para menos de 35.000 estudantes. O gestor universitário de Gaza ainda reitera que muitos estudantes “estão relutantes em realizar matrícula nas universidades porque não podem pagar as mensalidades devido às difíceis condições econômicas.”
Hamada também apontou para o fato de que 10.000 estudantes não conseguem retirar seus diplomas universitários porque não conseguem pagar as mensalidades pendentes, conforme índices atuais. “Isso significa que a sociedade palestina e as comunidades estrangeiras são privadas de 10.000 profissionais qualificados,” reiterou Hamada.
O gestor universitário reivindicou soluções rápidas das autoridades competentes, de modo que auxiliem os estudantes a pagar seus débitos universitários.
Hamada também fez um chamado pela necessidade de doações com o intuito de entregar aos estudantes seus devidos diplomas universitários, destacando que o documento de graduação pode aumentar as chances de uma boa oportunidade de emprego.
Mais de dois de milhões de palestinos de Gaza sofrem hoje com as graves condições de vida e econômicas, atribuídas pela ONU e por palestinos ao cerco israelense.
A taxa de pobreza em Gaza excede agora o índice de 80 por cento, enquanto a taxa de desemprego cresceu para cerca de 54 por cento, segundo o Comitê Popular contra o Cerco de Gaza e o Escritório Central de Estatísticas da Palestina.
Segundo um relatório divulgado em 19 de dezembro pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), cerca de 70 por cento dos habitantes de Gaza sofrem com a insegurança alimentar.