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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Grupo israelense trabalha para impedir a visita de Ilhan Omar

Ilhan Omar, congressista americana, em Washington DC [Facebook]

O célebre grupo de advocacia civil Shurat HaDin, com sede em Tel Aviv, Israel, registrou uma petição em uma corte israelense para impedir a visita da congressista americana Ilhan Omar a Israel e aos territórios palestinos ocupados (TPOs).

O grupo registrou o requerimento na Corte Distrital de Jerusalém nesta terça-feira (30), exigindo que Aryeh Deri, Ministro de Assuntos Internos, bloqueie a entrada de Omar ao país, com base em seu apoio ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

Conforme uma lei israelense aprovada em 2017, qualquer cidadão não-israelense que “conhecidamente faça um chamado público para boicotar Israel” pode ser impedido de entrar no país ou obter vistos de trabalho ou residência. A lei pode, entretanto, pode ser suprimida por razões diplomáticas.

A congressista pelo estado de Minnesota anunciou no início do mês que ela e Rashida Tlaib, congressista pelo estado de Michigan de origem palestina, visitariam Israel e os TPOs.

Embora a especulação sobre seu eventual banimento no país tenha se espalhado rapidamente, Ron Dermer, Embaixador de Israel nos Estados Unidos, confirmou que elas não seriam impedidas de entrar no país “em respeito ao Congresso dos Estados Unidos e à grande aliança entre Israel e América”.

O Shurat HaDin trabalha agora para garantir que a visita não aconteça, ao submeter à corte evidências que alegam demonstrar o apoio de Omar ao movimento de BDS, portanto, impeditivas à sua visita a Israel. Dentre as evidências está a exigência recente de Donald Trump para que Omar e outros membros do chamado “Esquadrão” – grupo de quatro progressistas do Partido Democrata – pedissem “desculpas” para Israel pelas “coisas terríveis que disseram”.

Nitsana Darshan-Leitner, fundador do Shurat HaDin, explicou o requerimento em uma declaração: “Israel não deve permitir que outros, incluindo jovens estudantes, lutem nesta batalha [contra o BDS] em seu nome; ao contrário, não deve se render ao fenômeno aqui em Israel devido ao status ou prestígio de certos ativistas importantes do movimento de BDS.”

Recentemente, o Shurat HaDin apelou aos tribunais israelenses com uma série de requerimentos controversos. No mês passado, o grupo exigiu que Gibraltar vendesse um navio-petroleiro iraniano sitiado no local para compensar uma família americano-israelense cuja filha pequena foi morta em um atentado de 2014, realizado em Jerusalém, supostamente executado pelo Hamas.

A petição foi registrada na Suprema Corte em Gibraltar – território britânico ultramarino em disputa, localizado no sul da Espanha –, com o intuito de vender o navio-petroleiro iraniano cuja viagem foi interrompida no dia 4 de julho. Conhecido como Grace 1, a embarcação foi sitiada pela Marinha Real do Reino Unido sob suspeita de enviar petróleo para a Síria, uma violação das sanções impostas pela União Europeia.

O Shurat HaDin tentou usar a aparente conexão do navio-petroleiro com Irã e Síria para exigir indenização à família americano-israelense. A entidade citou uma audiência realizada pela Corte Distrital de Washington DC, na qual se determinou que Irã e Síria podem ser considerados responsáveis pelos danos causados em 2017, consequentemente, pela morte da menina, como resultado do “apoio material” fornecido ao Hamas. O Shurat HaDin, portanto, alegou que a venda do navio-petroleiro seria capaz de levantar parcialmente o valor da indenização estipulada pela corte americana, além de estabelecer um precedente para sitiar outros recursos iranianos.

De sua parte, Omar defende que os cidadãos americanos tenham “o direito de participar em boicotes em busca de direitos civis e direitos humanos”. A congressista introduziu uma resolução ao Comitê Judiciário da Câmara dos Estados Unidos para este efeito, no início do mês. A resolução argumenta que o direito ao boicote é “protegido pela Primeira Emenda da Constituição” e declara oposição aos “esforços legislativos inconstitucionais que limitam o uso de boicotes em defesa de direitos civis, nacional e internacionalmente”.

Embora a resolução não mencione diretamente Israel ou o movimento de BDS, a iniciativa foi vista como uma tentativa de responder aos esforços de diversos estados americanos para proibir o apoio ao movimento.

Manifestantes em apoio ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) [Twitter]

Omar também é sistematicamente atacada por sua crítica vocal à ocupação de Israel sobre os territórios palestinos, que já dura 52 anos. No decorrer dos últimos meses, a congressista denunciou o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu por tentar pressionar os partidos Democrata e Republicano para invalidar uma resolução em apoio à solução de dois estados. A congressista acusa Netanyahu de apoiar a solução da boca para fora, enquanto mantém esforços para impedir a criação de um estado palestino.

Ilhan Omar também pediu por “justiça” e “paz duradoura” para a Faixa de Gaza sitiada, questionando: “Quantos outros manifestantes terão de ser baleados; quantos foguetes, atirados; quantas crianças pequenas terão de ser mortas até que deem fim a este interminável ciclo de violência?”

As declarações de Omar foram alvo do Presidente Donald Trump, senadores e ex-oficiais de polícia; contudo, recebeu solidariedade de apoiadores americanos e da comunidade internacional, que se manifestaram a favor de sua coragem para denunciar o caso.

O Presidente Trump decidiu atacar Omar e outras congressistas de diversas origens étnicas em sua conta no Twitter, ao mandá-las “voltar e concertar os lugares falidos e infestados de crimes de onde vieram”. Após o virulento ataque de Trump, a hashtag #IStandWithIlan tornou-se tendência nas redes sociais. Políticos, jornalistas e celebridades expressaram seu apoio à congressista.

Não foi anunciada ainda uma data para a visita de Omar e Tlaib a Israel e aos TPOs, mas espera-se que elas usem essa oportunidade para novamente denunciar a ocupação israelense e seu impacto sobre milhões de palestinos que vivem sob domínio militar.

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