O jornal Haaretz, com sede em Tel Aviv, revelou que escritório do governo israelense dedicado às relações com os residentes palestinos do território ocupado de Jerusalém Oriental tem seu quadro de funcionários predominantemente dominado por ex-agentes do Shin Bet, agência de segurança doméstica de Israel.
Segundo o artigo do jornal, doze dos 17 funcionários do escritório são ex-agentes do Shin Bet, incluindo o atual diretor e seu antecessor. Oficiais israelenses negaram essas estimativas, mas “recusaram-se a conceder números exatos”.
O escritório é formalmente conhecido como a unidade para relações com o público de Jerusalém Oriental e foi estabelecido há seis anos atrás por Ofer Or, oficial de alto escalão do Shin Bet no distrito de Jerusalém.
Quando o gabinete de Israel decidiu disponibilizar mais recursos a Jerusalém Oriental, no ano passado, “a unidade foi atribuída de manter as relações com os residentes de Jerusalém Oriental em nome do governo”, reiterou o Haaretz.
O trabalho do escritório foi criticado tanto pela direita israelense quanto por palestinos.
Na última semana, por exemplo, Arieh King, conselheiro pró-assentamentos, compartilhou em sua página do Facebook uma crítica severa à unidade em questão, por fracassar na promoção “de uma agenda de direita na cidade, pois seu quadro de funcionários é basicamente composto por ex-agentes do Shin Bet, que opõem-se à agenda”. A mensagem foi logo deletada.
“Jamais concordei com Arieh King, mas ele tem razão,” relatou ao Haaretz um palestino de Jerusalém Oriental. “Você deve empreender pessoas que entendem de engenharia e planos diretores, e não como prevenir um ataque terrorista. Eles agem como se ainda estivessem no Shin Bet, usando punições ao invés de recompensas.”
Segundo o jornal, a maioria dos “ativistas israelenses e palestinos, funcionários municipais e do governo” questionou se “a anuência da unidade pela permanência dos ex-agentes do Shin Bet seria um problema”.
O Shin Bet exerce um papel crítico na manutenção do regime militar israelense nos territórios palestinos ocupados (TPOs) e na repressão à resistência palestina. O trabalho da agência inclui interrogatórios – muitas vezes acompanhados de torturas – e o recrutamento de colaboradores.