Nesta terça-feira (6), uma corte militar argelina emitiu uma ordem de prisão contra Khaled Nezzar, ex-Ministro da Defesa, e seu filho, Lofti Nezzar. Ambos foram acusados de conspiração e atentado à ordem pública, com penas impostas de acordo com os artigos 77 e 78 do Código Penal e artigo 284 da Lei de Justiça Militar da Argélia. O mandado de prisão também citou Farid Belhamdine, diretor da empresa farmacêutica pública do país, procurado sob as mesmas acusações.
Khaled Nezzar, que vive na Espanha, não respondeu imediatamente à ordem de prisão. No dia 15 de julho, no entanto, uma mensagem compartilhada em uma conta no Twitter atribuída a ele alegou: “O movimento pacífico forçou a renúncia de Bouteflika [então presidente da Argélia], mas foi o poder militar quem o depôs, e a constituição foi violada por interferências ilegais. A Argélia está hoje mantida refém por um indivíduo brutal que impôs seu quarto mandato e inspirou o próximo. Este indivíduo deve ser detido, pois o país está em perigo.” A declaração deu início a uma série de mensagens compartilhadas nesta mesma conta em ataque ao General Gaid Salah, que se tornou o homem forte de fato no governo do país.
As autoridades argelinas mantêm detidos cinco ex-ministros desde o mês de fevereiro. As prisões ocorreram após os protestos, quando então o poder público decidiu abrir investigações sobre acusações de corrupção do regime deposto. Ahmed Ouyahia e Abdelmalek Sellal, ambos ex-primeiro-ministros, estão presos sob acusações que incluem o desvio de recursos públicos.
O ex-presidente Abdelaziz Bouteflika encerrou seus vinte anos de governo no último dia 2 de abril, sob pressão do Exército e dos protestos populares que agora exigem a deposição do resto da elite governante.