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Descompromisso da Arábia Saudita e Emirados árabes deixará milhões com fome no Iêmen

22 de agosto de 2019, às 20h04

Um bebê recebe tratamento no hospital Sabaeen, em Sanaa, no Iêmen. Em 18 de janeiro de 2017 [Agência Mohammed Hamoud/Anadolu]

Milhões de iemenitas poderão em breve enfrentar cortes na ajuda alimentar, depois que as promessas de fundos feitas por doadores importantes, a maior parte da Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (EAU), não se cumpriram.

O alerta sombrio foi divulgado ontem pela ONU, que disse que precisará fazer cortes severos em programas humanitários no país devastado pela guerra, porque o envio do dinheiro prometido pelos Estados-Membros para pagar por eles “não se materializou”.

“Estamos desesperados pelos fundos que foram prometidos”, disse Lise Grande, coordenadora humanitária da ONU no Iêmen. “Quando o dinheiro não vem, as pessoas morrem.” Grande disse que a ONU foi forçada a suspender a maioria das campanhas de vacinação em maio, e sem dinheiro novo, os programas de salvação no Iêmen serão fechados nos próximos dois meses.

Cerca de 2,6 bilhões de dólares foram prometidos para o Iêmen durante evento em fevereiro para atender às necessidades urgentes de mais de 20 milhões de iemenitas. Mais da metade, 1,5 bilhão de dólares, foi prometido pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, mas até agora menos da metade do valor foi recebido.

A ONU descreveu a catástrofe humanitária no Iêmen como a pior desde a Segunda Guerra Mundial. Cinquenta e três por cento da população está enfrentando uma “grave insegurança alimentar aguda” como resultado de uma campanha de cerco e bombardeio liderada pela Arábia Saudita.

Segundo o escritório humanitário da ONU em Nova York, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos prometeram 750 milhões de dólares para o Plano de Resposta Humanitária ao Iêmen para 2019, mas até agora os sauditas contribuíram 127 milhões dólares e os Emirados Árabes Unidos com 160 milhões de dólares.

Alerta de uma iminente catástrofe humanitária após cortes nos programas de ajuda, a ONU disse que “milhões de pessoas no Iêmen, que não podem se sustentar, são as vítimas deste conflito, dependem de nós para sobreviver”.

A menos que os fundos prometidos sejam recebidos nas próximas semanas, as rações alimentares para 12 milhões de pessoas serão reduzidas e pelo menos 2,5 milhões de crianças desnutridas serão cortadas dos serviços essenciais.

Crianças iemenitas afetadas pela guerra da coligação saudita – Cartoon [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]