A ONU emitiu um alerta de que três milhões de pessoas na região noroeste da Síria estão sob grave risco caso o regime continue sua ofensiva militar contra civis e infraestrutura civis, informou a Agência Anadolu.
“O Secretário-Geral afirmou que está profundamente preocupado pela escalada ininterrupta no noroeste da Síria e pelo prospecto de mais uma ofensiva no interior de Idlib, que pode levar a uma nova onda de sofrimentos humanos, possivelmente impactando mais de três milhões de pessoas,” declarou Stephane Dujarric, porta-voz do Secretário-Geral Antonio Guterres, em uma coletiva de imprensa na noite de quarta-feira (21).
Ao citar a condenação de Guterres em relação aos ataques contra civis, Dujarric afirmou que a ONU “reivindica que todas as partes respeitem absolutamente a lei humanitária internacional.”
“O Secretário-Geral reitera seu chamado urgente para o cumprimento do Memorando de Entendimento sobre Idlib, de setembro de 2018,” acrescentou a porta-voz, referindo-se a um acordo de cessar-fogo entre Turquia e Rússia.
Dujarric também afirmou que grupos humanitários em campo, em Idlib, relataram três mortes civis e quatorze feridos em confrontos na última terça-feira (20), incluindo mulheres e crianças. A porta-voz condenou então o deslocamento e os sofrimentos da população local, ao enfatizar que milhares de pessoas tiveram de mudar-se repetidamente para localidades diferentes a fim de fugir dos bombardeios do regime.
“Entre 1° de maio e 18 de agosto deste ano, 576.000 movimentos de deslocamentos populacionais foram registrados somente no noroeste da Síria,” reiterou. “Muitas pessoas foram deslocadas até cinco vezes, outras até dez vezes, devido aos confrontos vigentes.”
Em setembro do ano passado, Turquia e Rússia concordaram em definir Idlib como zona de desescalada – isto é, zona neutra, onde atos de agressão são expressamente proibidos. O regime sírio e seus aliados, no entanto, romperam consistentemente os termos do cessar-fogo, ao lançar ataques frequentes dentro da região demarcada.
A zona de desescalada é atualmente habitada por quatro milhões de civis, incluindo centenas de milhares já deslocados pelas forças do regime por todo o país afligido pela guerra. Segundo a ONU, centenas de milhares de pessoas foram mortas e mais de dez milhões de pessoas foram deslocadas no decorrer dos conflitos na Síria, que já duram mais de oito anos.