O governo israelense decidiu interromper a construção de uma escola em uma aldeia beduína palestina não-reconhecida oficialmente, após pressão do notório grupo de direita Regavim. As informações são do jornal Haaretz.
Segundo a reportagem, um departamento interno ao Ministério das Finanças, cujo propósito é planejar e esquematizar leis, emitiu uma ordem para interromper as obras de um colégio em al-Zarnug, aldeia localizada no Negev.
Nos últimos dias, o Haaretz declarou, o grupo pró-assentamentos Regavim “pressionou as autoridades a suspender as obras da escola”.
“Obviamente, construir uma escola para a população local é um ato que perpetua o caráter ilegal dos assentamentos,” afirmou o Regavim. “Além disso, dá aos residentes a mensagem equivocada de que o estado está se esquivando de suas responsabilidades de aplicar o planejamento previsto e estabelecer leis para esta área, em contraste com seus compromissos determinados judicialmente”.
O conselho regional local já havia começado a construção da escola pré-fabricada. As obras estavam previstas para terminar antes do início do novo ano letivo.
Amir Abu Qweider, porta-voz do comitê local, declarou ao Haaretz: “Acolhemos a decisão de construir um colégio em nossa comunidade, uma decisão feita de acordo com a lei”.
“A petição registrada pelo Regavim é uma tentativa de assediar centenas de estudantes e ferir nossos esforços para conceder às crianças uma educação adequada que lhes possibilitará oportunidades reais de sucesso na vida,” prosseguiu o porta-voz.
A população da aldeia de al-Zarnug é estimada em alguns milhares. O objetivo final do estado de Israel é forçá-los a se relocarem à cidade de Rahat.
O Regavim alega que “edifícios públicos não devem ser construídos em terras declaradas para evacuação”, posição apoiada por Yair Maayan, diretor-geral da Autoridade de Desenvolvimento e Assentamento para o Povo Beduíno.
Hanan Afota, diretor do conselho regional, “declarou que a decisão de construir a escola foi feita com o consentimento das autoridades relevantes, as quais concordaram que deveria estar pronta para o início do ano letivo”.
Ele reiterou: “Quando a ordem foi emitida, o trabalho foi suspenso. A esta altura, centenas de estudantes do clã Al-Qweider não têm para onde ir em 1° de setembro,” data que marca o início do próximo ano letivo.