Membros da diáspora sul-iemenita reuniram-se em Londres para manifestar solidariedade ao governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) como agradecimento pelo seu apoio ao movimento separatista nacional.
Centenas de pessoas reuniram-se em frente à Embaixada dos Emirados Árabes Unidos em Londres, Reino Unido, no último sábado (7), em evento organizado pelo escritório britânico do Conselho de Transição do Sul (CTS). Bandeiras emiradenses, sul-iemenitas, sauditas e britânicas podiam ser vistas entre cartazes e faixas com os dizeres “Obrigado EAU” e “CTS é capaz de restaurar a estabilidade e segurança”.
Manifestantes declararam sua gratidão ao Sheikh Muhammad Bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, por meio de seu kunya (nome patronímico) Abu Khaled. Além disso, condenaram como “grupo terrorista” a facção iemenita Al-Islah (Congregação para a Reforma do Iêmen), principal partido político de oposição ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, deposto em 2012.
As manifestações de agradecimento ocorrem após o Conselho de Transição do Sul, apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, assumir o controle de Aden, capital de fato do Iêmen, ao expulsar da cidade o governo reconhecido internacionalmente do Presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi.
Durante todo o período de guerra civil no Iêmen, houve bastante pressão sobre os Emirados Árabes Unidos, que intervieram ao lado de Arábia Saudita e Catar. Críticas sobre abusos de direitos humanos são frequentes e incluem crimes de tortura em prisões secretas, além da ocupação militar do território iemenita, em particular as ilhas Socotra.
As ações emiradenses no Iêmen tiveram início como parte da coalizão saudita, que este mês sofreu condenações internacionais devido a ter realizado um ataque aéreo contra um centro de detenções, que resultou na morte de centenas de civis. Os abusos de direitos humanos chegaram ao ponto de ser considerado internacionalmente o boicote à Emirates Airlines, companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos.
Yasser Salahi, participante da manifestação de sábado, relatou ao Monitor do Oriente Médio que compareceu para agradecer os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita por tudo que fizeram no Iêmen e desmentiu quaisquer relatos de sentimentos anti-emiradenses no país como absolutamente “falsos”. Salahi reiterou: “A maioria dos iemenitas deseja que fiquem.”
Segundo Salahi, os Emirados Árabes Unidos fornecem ajuda financeira, remédio e apoio a serviços civis nos territórios do sul, “enquanto o governo [do Iêmen] se recusa a pagá-los.”
Membros da comunidade sul-iemenita, representantes britânicos do Conselho de Transição do Sul e da Assembleia Democrática do Sul (entidade separatista iemenita) discursaram para os manifestantes.
Os representantes políticos leram mensagem de apoio ao embaixador emiradense no Reino Unido, Mansoor Abulhoul, e expressaram gratidão ao apoio do país do Golfo ao “limpar o sul de elementos extremos e do governo corrupto” e ao repelir a “ameaça houthi”, à medida que “concebe uma nova fase de estabilidade e segurança com ajuda dos Emirados.”
Em entrevista ao Monitor do Oriente Médio, Jalal Obadi, líder da Assembleia Democrática do Sul, contra-argumentou a crença popular ao afirmar que a Primavera Árabe não teve início na Tunísia, mas sim do Iêmen, ainda em 2007, quando um movimento separatista formou-se com o objetivo de restabelecer o estado do Iêmen do Sul.
Quando questionado sobre as tensões entre Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos sobre as complexidades da porção sul do território iemenita, em particular com a tomada de controle de Aden pelo Conselho de Transição do Sul, Obadi alegou que “operam sob as mesmas diretrizes”. Segundo ele, não há “problemas entre as partes”, pois trabalham juntas por um objetivo em comum.
Saleh Al-Noud, porta-voz para o Conselho de Transição do Sul no Reino Unido, acrescentou: “Sobretudo, avançamos bastante em direção às nossas metas… certas pessoas podem pensar que tudo está prestes a se romper… mas, na verdade, está prestes a alcançar alguma forma de estabilidade e autonomia, independente do governo supostamente legítimo.”
Conforme os protestos prosseguiram, a atmosfera adquiriu um tom de comemoração ainda maior, à medida que músicas tradicionais do Golfo eram tocadas em alto falantes e danças folclóricas locais eram representadas dentre a multidão.