O presidente turco Recep Tayyp Erdogan afirmou que quem lançou a primeira bomba sobre o território do Iêmen é o responsável de fato pelos atentados contra instalações petrolíferas na Arábia Saudita, executados no último sábado (14). Seus comentários parecem atribuir responsabilidade ao governo de Riad.
Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (16), ao lado dos presidentes russos e iranianos, Erdogan declarou: “Quem que primeiro bombardeou o Iêmen? Caso possamos descobrir essa resposta, creio que poderemos concluir que o momento atual é uma provocação.”
O Presidente do Irã Hassan Rouhani sugeriu que o ataque é um ato de autodefesa: “O povo iemenita está exercendo seu legítimo direito de defesa … os ataques são uma resposta recíproca a agressões contra o Iêmen de anos e anos.”
No sábado, duas instalações petrolíferas sauditas foram atacadas, resultando na interrupção de metade da produção de petróleo da monarquia árabe.
Aparentemente, Erdogan mudou de postura em relação ao conflito no Iêmen desde 2015, quando a coalizão saudita passou a realizar ataques aéreos contra os avanços do movimento houthi, inclusive sobre a capital Sanaa, tomada pelos rebeldes em setembro de 2014.
Na ocasião, o Ministério de Relações Internacionais da Turquia declarou: “Apoiamos a operação militar lançada pela força de coalizão constituída por países da região, liderada pelos estados do Conselho de Cooperação do Golfo, contra o movimento houthi, a pedido do presidente eleito Abd Rabbuh Mansur Hadi, sobre a qual a Arábia Saudita nos informou antecipadamente.”
A princípio, os atentados contra as refinarias sauditas cortaram pela metade a produção de petróleo local e levaram a um aumento dos preços em até vinte por cento na segunda-feira – o maior salto em um período de 24 horas desde a crise do Golfo em 1990-91 referente à invasão iraquiana contra o território do Kuwait.
Embora os houthis tenham assumido a responsabilidade pelos ataques como parte do que chamaram de “2ª Operação de Equilíbrio de Influência”, os Estados Unidos e a Arábia Saudita mantiveram sua posição de culpar o Irã. Teerã negou reiteradamente as alegações. O presidente Rouhani as caracterizou como “difamatórias” em um vídeo divulgado hoje pela televisão estatal iraniana. Ele acrescentou que o ataque foi um “alerta” para uma eventual ofensiva mais ampla contra a coalizão.
A Arábia Saudita afirmou que divulgará evidências do envolvimento iraniano.