Bernie Sanders, senador pelo estado de Vermont e pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos, concedeu ao público outra indicação de que poderá revolucionar a política internacional americana, conforme promessas de campanha, caso eleito em 2020. Sanders já havia sugerido que, sob seu mandato, não faria negócios como de costume, incluindo nas relações com o estado sionista, que recebe anualmente bilhões em auxílio do governo americano.
Sanders diverge de seu rival, o ex-vice-presidente Joe Biden, que acredita no auxílio a Israel como um dos melhores investimentos já feitos pelos Estados Unidos, de modo que, caso não existisse seu maior aliado na região, “teria de inventar outro para garantir que [nossos] interesses fossem preservados”. Sanders, ao contrário, sugeriu que o auxílio americano a Israel não deve ser incondicional.
No que se refere ao Oriente Médio, Sanders tem uma postura distinta de todos os outros candidatos. Sanders foi bastante vocal ao condenar a decisão israelense de proibir as congressistas americanas Rashida Tlaib e Ilham Omar de entrarem em Israel e visitarem a Cisjordânia ocupada. “A ideia de que um membro do Congresso dos Estados Unidos não possa visitar uma nação, a qual, por acaso, apoiamos com bilhões e bilhões de dólares, é claramente absurda,” afirmou Sander, em resposta à decisão controversa.
Dessa forma, a posição assumida por Sanders em relação a possíveis cortes no auxílio a Israel evidenciou seu perfil como pré-candidato mais progressista da lista democrata. “Caso Israel não permita que membros do congresso americano visitem seu país, a fim de dar uma olhada em primeira mão, talvez possa respeitosamente declinar os bilhões de dólares que lhes concedemos,” afirmou Sanders em protesto contra a decisão israelense de banir suas colegas de partido.
Sanders também é o candidato mais proeminente no que se refere a reverter a política americana em relação a Arábia Saudita, outro país no Oriente Médio que, apesar de seu histórico hediondo de sérias violações contra direitos humanos básicos, possui apoio pleno dos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira (23), Sanders reforçou sua intenção de jogar duro com Riad e possivelmente suspender o apoio americano à monarquia saudita. O candidato sugeriu uma mudança de larga escala durante seu mandato: caso a Arábia Saudita não dê fim às suas guerras, os Estados Unidos deverão parar de gastar trilhões de dólares em apoio ao reino. Durante uma caminhada de campanha, Sanders afirmou à multidão: “O que o Presidente Bernie Sanders faria em relação ao assunto é trazer a Arábia Saudita, trazer o Irã, sentá-los em uma mesa e dizer, ‘Quer saber? Não gastaremos trilhões de dólares para lavar sua roupa suja. Resolvam isso juntos. Parem com a droga de suas guerras, ok?’”
Sanders falou sobre rever toda a política internacional dos Estados Unidos referente à região. “Penso que, de muitas formas, precisamos repensar nosso relacionamento com os países do Oriente Médio,” reiterou o candidato. “Penso que devemos dar fim a essa abordagem americana de apoio à Arábia Saudita, ao criticá-la apenas verbalmente, diferentemente do que fazemos com o Irã.”