Grupo de direitos humanos denuncia plano israelense de ‘transferir’ palestinos de Hebron

Um novo documento incriminatório divulgado pela B’Tselem – organização não-governamental israelense de direitos humanos – acusa autoridades da ocupação de planejar políticas para “transferir à força” os residentes palestinos de Hebron (Al-Khalil).

O relatório – intitulado “Playing the Security Card” (“Usando a carta da segurança”) – detalha o que descreve como “política de segregação”, esquematizada para “permitir que uma minoria de residentes judeus vivam como se não tivessem se assentado no coração de uma cidade palestina cheia de vida, no âmago de um território ocupado”.

“Esta política ignora completamente as necessidades de centenas de milhares de palestinos e os sentencia a uma realidade insuportável, com a esperança de que deixarão suas casas por aparente livre e espontânea vontade,” relatou a B’Tselem.

Desde o fim da década de 1990, Hebron permanece dividida em duas. Na chamada Área H1, a Autoridade Palestina exerce a mesma autonomia que exerce no restante da Cisjordânia.

Na Área H2, vivem cerca de 700 colonos israelenses, em um local que abriga cerca de 7.000 palestinos. Nos últimos anos, segundo a B’Tselem, “planos oficiais e não-oficiais avançaram para expandir o assentamento e desenvolver o turismo no centro histórico de Hebron”.

 

O grupo de direitos humanos alertou que “caso tais planos sejam executados, a população de colonos em Hebron deverá dobrar nos próximos anos.”

A B’Tselem descreve uma realidade pela qual Israel mantém “um sistema cruel de restrições de movimentação, que determina o isolamento de uma faixa contínua de terra em relação ao resto da cidade, parcial ou absolutamente alienada da população palestina, seja ao viajar a pé ou por carro.”

O “regime de separação” imposto pelas autoridades da ocupação “anda lado a lado com atos cotidianos de violência” executados por forças de segurança e colonos israelenses contra residentes palestinos.

Sobretudo, conclui a B’Tselem:

“tais condições de vida produziram o resultado desejado a Israel: milhares de palestinos deixaram o centro da cidade, que agora se tornou uma cidade fantasma, onde permanecem somente os palestinos que não possuem qualquer alternativa.”

“A transferência forçada de milhares de residentes palestinos e o fechamento de centenas de negócios por meio desta política viola resoluções e leis internacionais que proíbem qualquer imposição ao deslocamento de populações nativas, de modo a constituir um crime de guerra,” afirmou a ong de direitos humanos.

A B’Tselem ainda reiterou que, embora “o assentamento em Hebron seja excepcional por sua introjeção ao âmago de uma grande cidade palestina”, a política de Israel empregada ali “é fundamentalmente idêntica àquela empregada no restante da Cisjordânia: tratar a área de acordo primeiramente com as necessidades israelenses e sistematicamente ignorar os interesses palestinos, à medida que concede aos colonos tratamento preferencial.”

“Este regime instaurado por Israel é reminiscente de aspectos sistêmicos do apartheid da África do Sul,” declarou a B’Tselem, “o que inclui restringir o acesso à terra, limitar o movimento e negar direitos políticos básicos.”

 

 

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