Nesta sexta-feira (27), a liderança proeminente da Igreja Anglicana do Sul da África (ACSA, em inglês) votou para unir-se em apoio ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra a ocupação israelense.
A entidade – que representa comunidades cristãs anglicanas em países da região, como África do Sul, Namíbia, Moçambique e Angola – aprovou a resolução na cidade de Joanesburgo, durante seu Sínodo Provincial, que ocorre a cada três anos.
Segundo a moção aprovada: “A situação na Terra Santa demanda atenção da Igreja Cristã precisamente porque é o lugar onde Jesus nasceu, frutificou, cresceu e foi crucificado.”
A igreja também destacou as diferenças entre Israel bíblico e o moderno Estado de Israel, alertando seus membros para não confundir as entidades, assim como enfatizou a distinção entre a ideologia sionista e a fé judaica.
A ACSA também reconheceu que, devido à sua própria experiência com o apartheid sul-africano há poucas décadas atrás, “nós, sul-africanos, temos uma responsabilidade especial em estar do lado dos oprimidos, da mesma forma que outros grupos da comunidade internacional estiveram ao nosso lado quando sofríamos opressão.”
A resolução foi originalmente introduzida para desenvolver meios práticos de desescalar e encerrar a ocupação israelense sobre os territórios palestinos. O Bispo anglicano da Namíbia Luke Pato relatou ao Serviço Informativo Afro-Palestino: “Este é o momento certo, é o tempo escolhido por Deus para que a ocupação chegue ao fim e para que os palestinos sejam libertados.”
Pato acrescentou que a resolução é uma continuação do apoio de décadas da Igreja Anglicana à luta palestina contra a ocupação. A decisão, segundo o representante religioso, é fruto de uma tradição cuja origem está na luta do Arcebispo Desmond Tutu, que visitou pela primeira vez os territórios palestinos ocupados junto de uma delegação humanitária há quase quarenta anos, na década de 1980.
Delegados sul-africanos propuseram uma moção para que o Escritório da Comunhão Anglicana no Reino Unido vote resolução similar na Conferência de Lambeth, em 2020, que deverá reunir bispos anglicanos em atividade de até 165 países, agendada para o meio do ano.
Personalidades palestinas acolheram e agradeceram a decisão. Hashem Dajani, Embaixador da Palestina na África do Sul, afirmou: “Os palestinos simplesmente desejam alcançar paz, liberdade, justiça e dignidade, e esta resolução é um passo importante para pressionar Israel a cumprir as leis internacionais e dar fim à sua ocupação ilegal na Palestina.” Dajani também expressou esperanças de que outros grupos religiosos sigam os passos da ACSA.
Na Faixa de Gaza, o porta-voz do Hamas Basem Naim afirmou que a decisão é uma importante manifestação de solidariedade ao povo palestino e “nos encoraja a manter nossa luta contra a ocupação.”