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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Relembrando a Segunda Intifada.

Em 28 de setembro de 2000, o então líder da oposição Ariel Sharon invadiu a Mesquita de Al-Aqsa escoltado por policiais e soldados israelenses fortemente armados, o que provocou um levante palestino que durou 5 anos

Em 28 de setembro de 2000, o então líder da oposição Ariel Sharon invadiu a Mesquita de Al-Aqsa escoltado por policiais e soldados israelenses fortemente armados, o que provocou um levante palestino que durou cinco anos e resultou em 3.000 palestinos e 1.000 israelenses mortos. Dezenove anos depois, a ocupação continua, o povo palestino se mantém vulnerável e Hamas e Fatah permanecem em conflito.

O que: A Segunda Intifada

Onde: Israel e Palestina

Quando: 28 de setembro de 2000 a 8 de fevereiro de 2005

O que aconteceu?

Diante do fracasso dos acordos de Camp David, eclodiu a Segunda Intifada; um mês antes, o então Primeiro-Ministro de Israel Ehud Barak e o Presidente da Autoridade Palestina Yasser Arafat não chegaram a lugar algum em suas conversas de paz. Os líderes discordavam sobre tópicos da ocupação israelense nos territórios palestinos, o status de Jerusalém e o direito de retorno aos refugiados palestinos. Consequentemente, a promessa de instauração de um estado palestino foi outra vez postergada.

Foi na última terça-feira do mês de setembro o dia da visita de Sharon à Mesquita de Al-Aqsa, escoltado por policiais e soldados israelenses fortemente armados. O movimento, segundo Sharon, buscava assegurar a todos os israelenses o direito de acessar a mesquita. Conforme declaração do então porta-voz de seu partido, Sharon buscava “demonstrar assim que, sob o governo do Likud, a Mesquita de Al-Aqsa permaneceria subjugada à soberania israelense”.

A decisão enfrentou protestos generalizados, em particular dos palestinos que há pouco celebravam a memória das vítimas dos massacres de Sabra e Chatila, em seu aniversário de dezoito anos. Na ocasião do massacre, Ariel Sharon foi o Ministro da Defesa considerado “pessoalmente responsável” pelo derramamento de sangue. A resposta palestina também representou uma expressão de profunda frustração referente à ocupação israelense, ainda em curso após o fracasso das novas conversas de paz. Em tom de desafio, a violação pública do local sagrado muçulmano mostrou-se de fato a gota d’água.

No dia seguinte às orações de sexta-feira, protestos insurgiram por toda a Cidade Velha de Jerusalém; sete palestinos foram mortos e cerca de trezentos foram feridos. Nos dias seguintes, manifestações massivas tomaram os territórios ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. As forças israelenses responderam violentamente. Amos Malka, então diretor da inteligência militar, estimou que, somente nos primeiros dias de protestos, o Exército de Israel chegou a disparar cerca de 1.3 milhões de balas de fogo. Um relatório divulgado pela Anistia Internacional revelou que a maioria das baixas palestinas durante este período abrangiam civis não envolvidos nas manifestações, e que 80 por cento dos mortos no primeiro mês de protestos não representavam qualquer risco de vida aos oficiais israelenses.

No sábado, 30 de setembro, o assassinato de Muhammad Al-Durrah, de doze anos de idade, por forças israelenses foi registrado em vídeo e chocou o mundo. O menino abrigava-se junto ao seu pai durante um tiroteio; a câmera capturou o momento em que ambos se agacharam atrás de um pilar de concreto, na tentativa de se protegerem das balas israelenses. O pai de Muhammad é visto claramente assinalando aos soldados, pedindo pelo cessar-fogo; em resposta, os tiros ceifaram prematuramente a vida de Muhammad. A gravação tornou-se célebre, representando a opressão sofrida pelos palestinos e a indiferença de Israel.

Foto de Muhammad Al-Durrah, palestino de doze anos de idade assassinado pelas forças israelenses

Os meses seguintes testemunharam repressões ainda mais violentas, resultando em centenas de mortos e milhares de feridos. O relatório da Anistia Internacional sobre o primeiro ano do conflito também descobriu que a “ampla maioria dos casos de assassinatos e agressões ilegais em Israel e nos Territórios Palestinos Ocupados deram-se por excessos cometidos pela Força de Defesa de Israel (FDI). Por exemplo, a FDI utilizou helicópteros concedidos pelos Estados Unidos em ataques punitivos, onde não havia antes qualquer perigo iminente de vida”.

No início de 2001, quando eleito Primeiro-Ministro de Israel, Sharon recusou veementemente se encontrar com Arafat, além de suspender todas as relações diplomáticas entre as partes. Em 2002, líderes palestinos repetiram esforços para conter a violência e chegar a um acordo de paz, ao apoiarem a chamada Iniciativa de Paz Árabe, esquematizada pela Arábia Saudita. Israel ignorou amplamente a proposta. Em 2003, após a nomeação de Mahmoud Abbas como Primeiro-Ministro da Autoridade Palestina, novas tentativas de negociações foram retomadas, após o surgimento de um plano de paz subscrito pelas Nações Unidas, União Europeia, Rússia e Estados Unidos. Os esforços, no entanto, voltaram a fracassar.

O ano seguinte vivenciou mais e mais violência, incluindo o assassinato deliberado de uma série de oficiais do Hamas pelas forças de Israel e uma incursão de nove dias sobre o campo de refugiados de Rafah, que resultou na morte de quarenta residentes palestinos. Conforme oficiais israelenses eram forçados a retirar colonos judeus da Faixa de Gaza, também deram início à construção de uma barreira em torno da Cisjordânia, movimento considerado ilegal pelo Tribunal de Justiça Internacional.

A morte de Arafat no final de 2004 marcou o início do fim do conflito. Abbas, agora presidente da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), pedia por paz; Israel respondeu ao isolar a Faixa de Gaza do restante dos territórios palestinos, o que incitou a resistência de grupos internos ao território litorâneo. Não obstante, em fevereiro de 2005, os ataques foram quase absolutamente suspensos. As autoridades israelenses retiraram suas unidades de combate armado de algumas das cidades na Cisjordânia e libertaram dezenas de prisioneiros palestinos.

O que aconteceu a seguir?

Há divergências sobre o final da Intifada; no entanto, é marcado pelo dia em que Sharon e Abbas declararam cessar-fogo, em uma reunião realizada em Sharm El-Sheikh, no Egito, em 8 de fevereiro de 2005. Contudo, dois dias depois, o Hamas contestou o cessar-fogo e disparou foguetes contra um assentamento ilegal perto da Faixa de Gaza. O movimento levou Abbas a exonerar oficiais de alto escalão do governo filiados ao Hamas, causando tensões entre as facções palestinas.

As desavenças cresceram no ano seguinte, quando o Hamas triunfou sobre o Fatah nas eleições gerais palestinas. Disputas vigentes entre os grupos costumam levar a confrontos violentos. Em 2007, o Hamas eventualmente assumiu o controle da Faixa de Gaza; dessa forma, o Fatah recuou à Cisjordânia ocupada. A divisão persiste por mais de dez anos, a despeito de algumas tentativas de reconciliação, o que frustra reiteradamente os anseios palestinos, sob uma situação de purgatório político.

Embora os palestinos tenham obtido alguns ganhos materiais como resultado da Intifada, após o cessar-fogo, as agressões israelenses somente se intensificaram e as violações de direitos humanos aumentaram cada vez mais. O processo de paz foi suspenso por anos. Israel decidiu opor-se veementemente à solução de dois estados, ao analisar a Intifada como uma reação ao acordo de Camp David, supostamente oferecido pelos israelenses aos representantes palestinos, no entanto, generoso demais. Esta perspectiva compartilhada entre o público israelense e seus políticos acabou por estabelecer o domínio eleitoral do partido Likud, marcado por posturas de direita sionista, hegemônico desde a vitória de Sharon em 2002. Os assentamentos também foram fortificados, com o aumento nas construções e no apoio governamental às atividades coloniais reconhecidamente ilegais.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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