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Primeiro-Ministro do Líbano é suspeito de ter ter pago US$ 16 milhões a modelo sul-africana

Saad Hariri, Primeiro-Ministro do Líbano, discursa na capital Beirute, em 14 de fevereiro [Escritório do Primeiro-Ministro do Líbano/Agência Anadolu]

Saad Hariri, Primeiro-Ministro do Líbano, supostamente ofereceu um pagamento de mais de US$ 16 milhões a uma modelo de biquíni após encontrá-la em um hotel de luxo no arquipélago de Seicheles, pequena república localizada no Oceano Índico, segundo documentos judiciais obtidos pelo jornal americano The New York Times. Candice van der Merwe, de vinte anos de idade, encontrou-se com o político libanês de então 43 anos, ainda aspirante a primeiro-ministro.

Na época, Hariri administrava os negócios da família e residia na França e Arábia Saudita, quando encontrou-se com a modelo sul-africana. Segundo informações, o pagamento foi feito do próprio bolso. Não há indícios de que dinheiro público obtido ilegalmente do governo libanês tenha sido utilizado. Casado e pai de três filhos, entretanto, não violou nenhuma lei libanesa ou sul-africana na ocasião das transferências financeiras, pois não exercia cargo público durante o período do relacionamento.

Van der Merwe estrelou em diversos comerciais de bebidas energéticas e calendários de roupas de banho na África do Sul; sua renda anual mal excedia US$ 5.400 antes da transferência bancária feita por Hariri. Portanto, quando o total de US$ 15.299.965 foi subitamente transferido à sua conta, a partir de um banco libanês, as autoridades sul-africanas passaram a tê-la como suspeita de possíveis esquemas de evasão fiscal. Van der Merwe insistiu que o dinheiro lhe foi enviado como um presente, portanto, não-tributável sob a lei sul-africana. Nas audiências que se seguiram, seus advogados apresentaram o benfeitor como um “cavalheiro extremamente bem-nascido do Oriente Médio.”

O dinheiro enviado por Hariri permitiu que a modelo comprasse uma propriedade no valor de US$ 10 milhões, além de receber outros presentes, incluindo dois carros estimados em US$ 250.000 e relógios de luxo. Enquanto Candice van der Merwe e seu pai – também implicado em questões tributárias por sua própria conta – estavam envolvidos nos casos judiciais, Hariri ainda enviou um adicional de US$ 1 milhão à modelo, para cobrir os custos legais, após recursos de Candice van der Merwe serem bloqueados pelo tribunal. A identidade do benfeitor só foi revelada agora, quando os documentos da corte se tornaram públicos.

O patrimônio líquido de Saad Hariri na ocasião das transferências, em 2013, era estimado em US$ 1.9 bilhões, devido principalmente a juros e investimentos financeiros que herdou de seu pai, o ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, assassinado em Beirute em 2005.

Apesar das transferências não violarem nenhuma lei, as informações reveladas apresentam-se em um período de crise no mandato de Hariri, representado como o principal líder político islâmico sunita da República do Líbano. Ainda em setembro, Hariri anunciou que o governo libanês declararia estado de emergência econômica. Além disso, o império das empresas da família e a hegemonia política de Hariri passam por momentos difíceis, resultando no fim das operações da Saudi Oger, conglomerado de construção civil da família Hariri, em 2017, à medida que agências de imprensa pertencidas ao primeiro-ministro supostamente atrasavam salários aos seus funcionários.

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