A coalizão saudita admitiu ontem (2) ter executado um ataque aéreo contra um banco de sangue em Sanaa, capital do Iêmen. Segundo as autoridades sauditas, o bombardeio realizado em abril deste ano ocorreu “por engano”.
O ataque contra o Centro Nacional de Pesquisa e Transfusão de Sangue, executado no dia 27 de abril, foi acidental, segundo a Equipe Conjunta de Avaliação ao Incidente (JIAT, da sigla em inglês), órgão encarregado pela coalizão para investigar o incidente.
Nesta quarta-feira, o porta-voz da entidade, Mansour Al-Mansour, célebre advogado militar barenita, anunciou as descobertas, ao reiterar que investigadores examinaram o local do ataque aéreo e coletaram declarações de equipes médicas e administrativas que trabalhavam no edifício.
Um “defeito na bomba” foi a causa do “engano”, afirmou Mansour, acrescentando que membros da coalizão fornecerão assistência para reparar os danos causados.
Após o bombardeio, o Ministério da Saúde filiado aos rebeldes houthis, que controlam a capital, condenou o incidente como um ataque deliberado e direto contra instituições de saúde executado pela coalizão saudita. O ministério também emitiu uma declaração descrevendo o caso como um crime de guerra, pois impede o fornecimento de serviços de transfusão de sangue a pacientes com câncer e doenças hematológicas, além dos feridos. Também reiterou que o centro fornece serviços de abastecimento de sangue a todos os hospitais nas províncias próximas.
Segundo o Projeto de Dados e Localização de Conflitos Armados (ACLED), cerca de 67 por cento de todas as baixas civis registradas no Iêmen desde 2015, foram causados por ataques aéreos realizados pela coalizão saudita. Este índice caracteriza a coalizão como a entidade “responsável por mais mortes civis”.
Até então, cerca de 100.000 pessoas foram mortas no conflito.