Forças de segurança do Iraque abriram fogo contra milhares de manifestantes que desafiaram um toque de recolher na capital Bagdá, nesta quinta-feira (3), terceiro dia de protestos em escala nacional contra o governo. Em uma cidade no sul do país, atiradores entraram em confronto com as forças de segurança, resultando na morte de duas pessoas. As informações são da agência Reuters.
Os protestos, que até então resultaram em vinte mortos e 600 feridos, tiveram início devido aos serviços públicos péssimos e à alta taxa de desemprego no país. Entretanto, as manifestações se intensificaram ao ponto de pedirem pela deposição do atual governo, em uma das maiores crises de segurança no país em anos.
As manifestações parecem ser apartidárias e surpreenderam as forças de segurança.
“As balas não nos assustam. Não assustam os iraquianos. Isso tudo irá cair sobre suas cabeças,” afirmou uma manifestante na capital.
Ao menos 4.000 manifestantes reuniram-se na Praça Tayaran, em Bagdá, e tentaram marchar à Praça Tahrir, no centro da cidade, onde foram severamente reprimidos por forças do governo que utilizaram munição real e gás lacrimogêneo.
A polícia atirou indiscriminadamente no distrito de Zaafaraniya, em Bagdá, onde um manifestante foi baleado e morto. Houve também protestos no distrito de Shula, no noroeste da cidade.
A polícia alegou que os manifestantes abriram fogo na cidade de Rifaen, perto de Nassiriya, no sul do país. Na ocasião, sete pessoas foram mortas durante a noite, além de mais uma vítima na quinta-feira. Cinquenta pessoas foram feridas em Rifae, incluindo cinco policiais, segundo relatos oficiais.
Quatro pessoas foram mortas em confrontos ocorridos durante a noite na cidade de Amara, no sul do Iraque.
A Anistia Internacional fez um apelo para que o governo restrinja as operações repressivas de suas forças de segurança e investigue os assassinatos.
“É absurdo que forças de segurança voltem a lidar com manifestantes mais uma vez com tamanha brutalidade, ao utilizar força letal e desnecessária. É crucial que as autoridades garantam uma investigação absolutamente imparcial e independente,” declarou Lynn Maalouf, Diretora de Pesquisa sobre Oriente Médio da Anistia Internacional.
A Organização das Nações Unidas exigiu que o governo “exerça comedimento máximo” e permita protestos pacíficos.