Os Emirados Árabes Unidos (EAU) decidiram deportar Hossam El-Rifai, proeminente ativista do Sinai que trabalhava como engenheiro de TI no país do Golfo, após este compartilhar postagens no Facebook de Massaad Abu Fager, escritor e político da região do Sinai que participou do comitê constitucional de 2014, agora considerado inimigo do estado.
Inspirado pelo empresário egípcio Mohamed Ali, Abu Fager compartilhou nas últimas semanas uma série de vídeos no Facebook nos quais acusa o governo do Egito de graves violações de direitos humanos na região do Sinai.
Em um desses vídeos de grande circulação, Abu Fager apela às autoridades para que liberem os nomes e identidades das 5.000 pessoas mortas pelo Exército do Egito desde que a chamada guerra ao terror começou no Sinai.
Tanto Abu Fager quanto Hossam El-Rifai são críticos declarados da guerra conduzida contra civis na península egípcia, que inclui execuções extrajudiciais, apagamento de aldeias e cidades inteiras e assassinatos e desaparecimentos de crianças.
El-Rifai pediu asilo nos Emirados Árabes Unidos ao escritório para refugiados das Nações Unidas, seis meses antes de seu passaporte egípcio expirar, por medo de que as autoridades do Egito decidissem não renová-lo.
Personalidades da oposição no Egito que vivem no exílio costumam ter seus pedidos de renovação do passaporte negados conforme supostas razões de segurança. Ainda este ano, Amr Waked, ator e contundente crítico do governo, recebeu da embaixada do Egito na Espanha a informação de que deveria retornar ao país para renovar seu passaporte, a despeito de um mandado de prisão contra ele em terras egípcias.
A ONU respondeu a El-Rifai que sua condição não cumpria os requisitos para o pedido de asilo nos Emirados Árabes Unidos, mas que poderia arranjá-lo um documento temporário para permanecer no país do Golfo, caso não pudesse retornar ao seu país de origem.
El-Rifai foi alertado por amigos próximos para deixar os Emirados Árabes Unidos, aliado fundamental do regime do presidente egípcio Abdel Fattah Al-Sisi; entretanto, preferiu ficar. Segundo ele, o escritório para refugiados das Nações Unidas lhe informou que, mesmo que seu pedido para residência oficial fosse recusado, não seria deportado de volta ao Egito – um receio compartilhado por muitos ativistas e críticos do governo.