Uma corte do Egito na cidade de Tala, na região do Delta do Nilo, estabeleceu uma data para o julgamento de três adolescentes que assassinaram o estudante colegial Mahmoud El-Banna, de 18 anos de idade, após este defender uma jovem vítima de assédio sexual e agressões físicas em uma rua da cidade.
Após intervir no episódio, El-Banna compartilhou em sua conta no Facebook: “Bater em uma menina na rua não é ser homem”. Em retaliação, os três jovens, liderados por um adolescente de 17 anos identificado como M. Rageh, emboscaram El-Banna e o esfaquearam três vezes no pescoço e abdômen.
El-Banna morreu no hospital e foi identificado pelo público como um “mártir do cavalheirismo”. Os três criminosos foram presos e agora enfrentam acusações de homicídio premeditado.
Dois vídeos gravados por câmeras de segurança foram vazados na internet. O primeiro registra o assédio inicial e o segundo mostra El-Banna sendo perseguido nas ruas pelos criminosos.
Vídeos de seu funeral também circularam nas redes, Milhares de pessoas caminharam pelas ruas ao lado de seu corpo, reivindicando que os suspeitos recebam a pena máxima pelo crime.
Vídeos de seu funeral também circularam nas redes, Milhares de pessoas caminharam pelas ruas ao lado de seu corpo, reivindicando que os suspeitos recebam a pena máxima pelo crime.
Ativistas da internet acusaram filmes egípcios de promover a violência e o bullying.
Este é o segundo caso do tipo nos últimos meses a trazer à tona a questão do assédio sexual no Egito. Em 2013, um estudo divulgado pelas Nações Unidas demonstrou que 99.3 por cento das mulheres egípcias já sofreram alguma forma de assédio sexual.
Em julho, Amira Ahmed Rizk, de 15 anos de idade, tornou-se conhecida como “garota de Ayat” por esfaquear catorze vezes um motorista de van após este tentar estuprá-la.
De acordo com a lei egípcia, o estupro de fato deve ocorrer para que seja considerada legítima defesa. Usuários de redes sociais uniram-se para contestar a prisão de Amira e pedir sua libertação.
Os três suspeitos no caso de El-Banna devem enfrentar julgamento como menores de idade em cortes juvenis. Amira, no entanto, está detida junto de mulheres adultas e é investigada pela promotoria pública geral em lugar das promotoria responsável por indiciar menores de 18 anos.
Segundo a rede Al Jazeera, forças de segurança anunciaram a princípio que El-Banna foi morto após uma discussão com alguns de seus amigos em um café.
Autoridades são criticadas por negligenciar os casos de assédio sexual. A polêmica se reinstaurou após o jogador de futebol egípcio Amr Warda ser suspenso da seleção nacional durante o Campeonato Africano das Nações, acusado de assédio sexual por várias mulheres, entretanto readmitido pouco depois.
Em 2014, o governo aprovou uma lei que estipulou a punição para o assédio sexual em cinco anos de prisão; no entanto, a lei não parece ser aplicada efetivamente. Em 2018, a agência Reuters relatou que o Egito é considerado o pior país do mundo para ser mulher.
A ativista egípcia Amal Fathy e a turista libanesa Mona El-Mazboh foram presas justamente por denunciarem casos de assédio sexual no Egito.