O Observatório de Direitos Humanos (Human Rights Watch – HRW) alertou ontem os países europeus contra a transferência de centenas de membros do Daesh das prisões das Forças Democráticas da Síria (FDS) para o Iraque.
A HRW expressou preocupação de que alguns países europeus estejam tentando transferir seus cidadãos que se filiaram ao Daesh para o Iraque porque não estão dispostos a repatriá-los. A medida ocorre uma semana após a Turquia lançar uma operação militar a leste do rio Eufrates, na Síria, com o intuito de criar uma zona de segurança na região, antes capturada por forças curdas que administram as prisões nas quais membros do Daesh estão detidos.
“Dado o histórico de julgamentos injustos no Iraque, os países europeus não devem pressionar pela transferência de seus cidadãos,” afirmou Balqees Wali, pesquisador sobre questões iraquianas da organização.
Wali considera que qualquer governo que apoie essa etapa, “sem tomar as medidas necessárias para evitar que os presos corram o risco de tortura, falsos julgamentos ou execução, contribui para a ocorrência de violações graves.”
A organização, que acompanha os julgamentos de membros do Daesh no Iraque, diz que os procedimentos judiciais são injustos e problemáticos devido a inúmeros abusos.
A HRW instou a França, Dinamarca, Alemanha, Grã-Bretanha e outros países a recuperar seus nacionais em vez de transferí-los para o Iraque.
Em artigo publicado no Wall Street Journal, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometeu não permitir a fuga de nenhum combatente do Daesh do nordeste da Síria, após os países ocidentais expressarem preocupação com as implicações da operação militar lançada por Ancara na área.
“Vamos garantir que nenhum combatente do Estado Islâmico [Daesh] deixe o nordeste da Síria”, escreveu Erdogan.
Muitos países já assentiram com a transferência de alguns de seus cidadãos para o Iraque para serem julgados por suspeita de filiação ao Daesh. Durante o verão, onze franceses detidos na Síria e julgados no Iraque por tais acusações foram condenados à morte pelos tribunais iraquianos.