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AP prende palestino por erguer bandeira do Iêmen em jogo contra a Arábia Saudita

Torcedor palestino levanta a bandeira do Iêmen durante uma partida de futebol entre a Arábia Saudita e a Palestina na Cisjordânia. Em 15 de outubro de 2019 [Twitter]

Um torcedor palestino foi detido por levantar a bandeira do Iêmen durante a partida de terça-feira das eliminatórias para a Copa do Mundo-Ásia entre a Arábia Saudita e a Palestina.

Ahmad Al-Yumni, um trabalhador da construção civil de Hebron, 24 anos, foi preso pela Autoridade Palestina (PA) por protestar contra a guerra no Iêmen.

A ONU diz que pelo menos 7.025 civis foram mortos e 11.140 ficaram feridos nos combates no Iêmen desde março de 2015, com 65 por cet das mortes atribuídas a ataques aéreos da coalizão liderada pela Arábia Saudita.

Diante de uma multidão estimada em 14.000 pessoas, a bandeira do Iêmen desdobrada exibia o slogan “Da Palestina, aqui está o Iêmen”.

“Minha família não foi autorizada a vê-lo, saber dos detalhes de sua detenção ou para onde ele foi levado até um dia depois”, disse o irmão de Yumni, Kayed, ao Middle East Eye.

Ele explicou que os serviços de segurança informavam a família que seu irmão seria libertado em troca de 1.400 dólares em dinares jordanianos.

Realizado no Estádio Faisal Al-Husseini, na cidade de Al-Ram, nos arredores de Jerusalém, o jogo foi uma partida de qualificação para os torneios internacionais da Copa do Mundo de 2022 e da Copa da Ásia de 2023 e resultou em um empate de 0 a 0.

Kayed acrescentou que Yumni foi libertado das prisões israelenses há um ano, após ficar preso por dois anos.

A realização da partida na Cisjordânia ocupada é uma quebra das normas e do processo usual das equipes de esportes árabes, que há décadas realizam jogos e eventos com equipes palestinas em um país terceiro, a fim de evitar a passagem pelos postos de controle israelenses .

Milhares de agentes de segurança da AP, incluindo policiais armados, teriam patrulhado as principais ruas de Al-Ram e protegido as entradas do estádio.

O pessoal da polícia à paisana também estava misturado à multidão para impedir que os fãstorcedores segurassem cartazes ou cantassem contra a Arábia Saudita, informou o jornal pan-árabe londrino Dar Al-Hayat.

Embora a partida e a chegada da delegação saudita possam muito bem ser percebidas como um aumento nas relações entre a Arábia Saudita e a Palestina e tenham sido declaradas como “um prazer para o povo palestino” pelo presidente da AP, Mahmoud Abbas, o fato foi criticado principalmente por seu efeito na normalização dos laços com o estado de Israel.

Durante a viagem, a equipe saudita visitou a Mesquita Al-Aqsa, atravessando, para isso, os postos de controle da ocupação israelense.

O movimento internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) divulgou uma declaração na semana passada condenando a ação por estar “no contexto de perigosa normalização oficial das relações com Israel pelo regime saudita – ao lado de EAU, Bahrein, Omã, Catar e outros – e do aumento da cooperação política e de segurança entre eles, [a visita] é parte das tentativas de liquidar a causa palestina ”.

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