A Autoridade Palestina (AP) ordenou o bloqueio de 59 websites árabes e palestinos, incluindo páginas da Quds News Network, após uma decisão emitida por uma Corte de Magistrados local. Os palestinos estão indignados com a decisão outorgada nesta segunda-feira (22), reiterando que nenhum dos sites bloqueados é israelense.
A rede de notícias Al-Quds contestou a decisão da Autoridade Palestina de bloquear seu site, alegando que a medida “fere a paz civil”. Segundo a rede, tal decisão “reflete a repressão [da AP] em relação à imprensa.” Em comunicado, acrescentou que trata-se de “uma violação óbvia dos padrões internacionais de liberdade de expressão, que ocorre à medida que conteúdos [online] palestinos lutam para sobreviver contra esforços realizados por plataformas israelenses e redes sociais que pretendem eliminar a narrativa palestina.”
Em seguida, a rede de notícias Al-Quds exigiu que a Autoridade Palestina suspenda a decisão, alegando que levará ao enfraquecimento ou à falta de qualquer acesso à narrativa palestina.
Mariam Barghouti, escritora palestino-americana residente em Ramallah, expressou sua frustração diante da supressão constante de vozes palestinas. “A Autoridade Palestina e todas as suas instituições,” escreveu a autora em sua página do Twitter, “insistem em atacar a liberdade de expressão dos palestinos, reprimir dissidências e críticas, sem assumir qualquer responsabilidade por seus crimes de corrupção, além de continuar a prender nossos jovens.”
Nesta terça-feira (22), jornalistas palestinos realizaram protestos na Faixa de Gaza contra a decisão da Autoridade. “Acompanhamos com preocupação a decisão tomada pela Corte de Magistrados em Rammalah, que se refere a cerca de 60 websites palestinos. Condenamos essa decisão e a consideramos uma violação das liberdades públicas,” declarou Alaa Salama, coordenador do Sindicato Palestino dos Jornalistas.
“O que é preciso é honrar a imprensa e os jornalistas palestinos, que há muito lutam contra a narrativa israelense,” acrescentou Salama. “A medida correta seria bloquear sites de notícias e meios israelenses que espalham mentiras dia após dia contra o povo palestino.”
Presidida pelo juiz Mohammed Hussein, a decisão da corte divulgada na última semana alega que tais websites, seus artigos e imagens, ameaçam a segurança nacional palestina e também a paz civil, de modo que perturbam a ordem e a moral públicas e incitam a opinião pública do povo palestino.
Hossam Badran, membro do Escritório Político do Hamas, acusou a corte de “enterrar sua cabeça na areia, em seu esforço para evitar qualquer liberdade de expressão, e retornar a imprensa nacional [palestina] à idade das trevas, tão almejada pela ocupação israelense.” Badran fez então um apelo para que a Autoridade Palestina respeite a lei e as convenções internacionais e garanta a liberdade de opinião e expressão, além do direito de todo cidadão de ter acesso à informação.
“Evidentemente, Abbas irá bloquear o website Arabi21 e morre de vontade de conceder uma plataforma aos jornalistas sionistas, que adotam opiniões anti-palestinas e não hesitam em criticar até mesmo o próprio Abbas e a corrupção por trás de sua autoridade,” compartilhou Saleh Na’ami, escritor palestino especializado em assuntos israelenses, em sua página do Twitter. “Caso não tenha vergonha, faça como quer.”
Ammar Dweik, chefe do Comitê Palestino para Direitos Humanos, afirmou que sua organização entrará com recurso contra a decisão, que “restringe o livre trabalho da imprensa e a liberdade de expressão.”