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Relatório estima que 14.000 pessoas foram mortas sob tortura durante a guerra na Síria

Manifestantes na Síria exigem justiça para os muitos prisioneiros sírios torturados e mortos nas prisões do regime de Bashar al-Assad [Twitter]

Mais de 14.000 pessoas foram mortas sob tortura durante a guerra na Síria, utilizando ao todo 72 diferentes métodos de tortura, segundo um novo relatório publicado pela Rede Síria de Direitos Humanos (SNHR, em inglês).

Os números podem ser ainda mais altos, considerando que tais estimativas refletem apenas os casos que a organização foi capaz de registrar.

No decorrer de oito anos, a SNHR entrevistou milhares de ex-prisioneiros que sobreviveram às prisões e torturas executadas principalmente pela Inteligência Militar, Aeronáutica, Diretoria Geral de Segurança do Estado e órgãos oficiais de Segurança Política.

Dentre os métodos utilizados estão a amputação de partes do corpo e permitir que estudantes de medicina pratiquem cirurgias indevidas nos prisioneiros. Neste último caso, os estudantes são inclusive encorajados a cometer erros médicos.

Derramar água fervente nas vítimas, queimá-las com ácidos químicos, açoitar a sola dos pés, imobilizar o corpo das vítimas com o uso de um pneu, arrancar dedos e unhas com alicates e furar os olhos das vítimas também estão documentados detalhadamente.

Além das torturas, os detidos são privados do tratamento médico necessário. Também não têm acesso a utilizar banheiro ou a outros hábitos básicos de higiene, além de serem amontoados em celas superlotadas e privados de comida e água.

Diversos métodos de violência sexual também são executados pelas forças de segurança, incluindo espancar as mulheres de tal forma que o útero tem de ser removido.

A Rede Síria de Direitos Humanos afirmou que tais padrões de tortura são tão amplamente praticados que quase não há sobreviventes que não tenham sido submetidos a eles.

Ao comparar testemunhos de sobreviventes com documentos do governo referentes ao mesmo período e fotografias contrabandeadas da Síria pelo ex-fotógrafo do regime de codinome Caesar, o SNHR observa que há um padrão evidente nos métodos e processos de tortura executados pelo regime.

Este padrão “sugere que as ordens e o treinamento para tais procedimentos são todos emitidos a partir de um ponto central bastante coordenado, que compartilha especialidades, a fim de criar deliberadamente uma série dos mais hediondos e cruéis métodos de tortura possíveis.”

O SNHR estima que 1.2 milhões de cidadãos sírios foram presos e detidos em algum momento desde o início do levante sírio, em março de 2011. Ao menos 130.000 pessoas ainda estão detidas ou desaparecidas devido às ações do regime sírio.

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