Relatório publicado hoje (25) pela organização não-governamental de direitos humanos Anistia Internacional denunciou que a Turquia está enviando à força refugiados sírios para uma área perto da fronteira com a Síria, na qual pretende estabelecer uma “zona de segurança”, embora o conflito local não tenha se encerrado.
Cerca de 3.6 milhões de refugiados que fugiram da Síria em virtude dos oito anos de guerra civil hoje vivem na Turquia. O governo turco alega que um dos principais objetivos de sua recente campanha militar no nordeste da Síria é oferecer salvo-conduto para que dois milhões destes refugiados retornem à Síria.
Segundo Ancara, mais de 350.000 refugiados sírios já retornaram voluntariamente ao país.
Em seu relatório, a Anistia Internacional alega que refugiados entrevistados pela organização reclamam de ameaças ou coação física por parte da polícia turca para que assinem documentos que declarem seu retorno “voluntário” à Síria.
“Na realidade, a Turquia impõe sério risco à vida dos refugiados sírios, ao forçá-los a retornar para uma zona de guerra,” declarou o grupo de direitos humanos com sede no Reino Unido.
A Anistia Internacional afirma que o número de retornos forçados nos últimos meses deve atingir a casa das centenas, com base em entrevistas conduzidas entre julho e outubro. Até então, há vinte casos confirmados.
Não houve resposta imediata de Ancara ao relatório da organização, mas o governo turco já negou, em ocasiões anteriores, que está enviando refugiados à Síria contra sua vontade.
Segundo o relatório, a justificativa em geral para a deportação de refugiados sírios é a falta de registro de asilo ou o fato de residirem em províncias turcas na qual não estão registrados. O relatório reitera, no entanto, que há casos de deportação de refugiados sírios a partir das províncias na qual estão registrados.
Anna Shea, pesquisadora sobre direitos dos imigrantes e refugiados da Anistia Internacional, declarou que a Turquia merece reconhecimento por abrigar tantos refugiados sírios nos últimos anos. Entretanto, acrescentou: “Porém, não pode usar sua generosidade como uma desculpa para menosprezar a lei doméstica e internacional ao enviar pessoas para uma zona ativa de conflito.”
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