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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Pronto para a execução: o ex-general israelense e sua jornada por uma nova guerra em Gaza

Fumaça e explosões tomam o bairro de Er-Rimal após aeronaves de guerra israelenses executarem uma nova onda de ataques contra a Faixa de Gaza sitiada, na Cidade de Gaza, em 25 de março de 2019 [Mustafa Hassona/Agência Anadolu]

Benny Gantz, líder do recém-fundado Partido Azul e Branco (Kahol Lavan) é a estrela em ascensão da política israelense. O fato de que tem agora a oportunidade de finalmente dar fim ao duradouro mandato do Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu é bastante significativo para compreender o apelo de sua mensagem política, seu carisma e sua credibilidade crescente entre muitos setores da sociedade em Israel.

O rival de Gantz, Netanyahu, é uma figura controversa e polarizadora em Israel, mas também nos Estados Unidos.

A relação especial de Bibi (como é conhecido Netanyahu) com o presidente americano Donald Trump relegou ao seu personagem o aspecto de ser amado ou absolutamente repudiado por muitos americanos. Segundo pesquisa da agência Gallup de fevereiro de 2017, 65% dos republicanos enxergam Netanyahu favoravelmente, enquanto apenas 18% dos democratas compartilham desta opinião.

Entretanto, Netanyahu não é apenas o arquétipo de político de carreira, ardiloso e oportunista, mas é muito bem capaz de também infligir danos enormes. Netanyahu foi o responsável por lançar guerras em larga escala contra a Faixa de Gaza sitiada e utilizar força militar e bloqueios contra populações civis, a serviço de sua própria agenda política sectária, com o propósito simples de reunir votos. Embora declaradamente racista em discursos e ações cotidianos, o preconceito de Netanyahu tende a fulgurar com maior intensidade durante o período eleitoral, a fim de galvanizar seus fervorosos apoiadores da extrema-direita.

“Os árabes desejam nos exterminar – homens, mulheres e crianças”, lê-se em uma mensagem compartilhada na página de Facebook de Netanyahu e emitida a eleitores israelenses durante sua última campanha, em setembro deste ano. Na mensagem, Netanyahu utiliza uma palavra para genocídio usualmente reservada para referir-se ao Holocausto, como destacou o jornal americano LA Times.

Todavia, o entusiasmo para ver o fim do legado sinistro de Netanyahu pode chegar ao ponto de obscurecer certa compreensão de que um governo liderado por Gantz não necessariamente sinaliza uma mudança na política israelense, nem em Gaza ou nenhum outro lugar.

Como ex-chefe do estado-maior do Exército de Israel, Gantz orquestrou a guerra devastadora contra a Faixa de Gaza sitiada, em 2014. Apesar do alto índice de mortes, Gantz não demonstrou qualquer remorso. Ao contrário, em um vídeo para sua campanha eleitoral, divulgado em janeiro de 2019, efetivamente vangloriou-se de enviar “partes de Gaza de volta à Idade da Pedra”.

De fato, Gantz supervisionou a aniquilação sistemática da região sitiada de Gaza, que resultou na morte de mais de 2.200 palestinos e a destruição de 18.000 unidades residenciais.

Cartaz eleitoral de Benny Gantz é visto às vésperas das novas eleições gerais, em Jerusalém, 16 de setembro de 2019 [Faiz Abu Rmeleh/Agência Anadolu]

Apesar de suas promessas de violência, Gantz fracassou em conquistar os votos necessários para formar um governo nas eleições de abril de 2019. Netanyahu também fracassou em unificar os quadros de sua coalizão de direita e extrema-direita, o que levou, em último caso, à realização de novas eleições gerais, no último mês de setembro.

Para reforçar sua imagem como líder forte para o Estado de Israel, digno da confiança de seu povo, Gantz prometeu em agosto que o próximo ciclo de guerras executadas contra Gaza será o “último”.

“Não pretendemos deixar que nossa influência continue a ser erodida; não pretendemos permitir que este modelo de outro turno e mais um turno e outra pipa e outro míssil e mais e mais coisas continue,” afirmou Gantz em visita à cerca que separa a Faixa de Gaza sitiada de Israel.

“A próxima vez que algo acontecer aqui, garantiremos que será a última,” ameaçou Gantz.

O jornal israelense Haaretz relatou que Gantz “também afirmou que, caso insurja outro conflito durante seu mandato como primeiro-ministro, o Exército irá avançar com o intuito de matar todos os líderes do Hamas”.

A julgar pela sua constante menção ao assunto, Gantz parece genuinamente obcecado com o assassinato e a destruição, em particular contra Gaza, ao apresentar linguagem consistente e proeminentemente violenta.

Agora que Gantz enfrenta o processo de composição de um novo governo, parece estar desesperado para ganhar o apoio de todos os membros do Knesset – parlamento de Israel – que estejam ao seu alcance. Como era de se esperar, Gantz voltou a soltar seu veneno contra a Faixa de Gaza.

“Um governo liderado por mim não suportará uma ameaça contra os residentes do sul e não aceitará qualquer projeto que vise sabotar a soberania israelense,” escreveu Gantz em sua conta no Twitter, no último dia 2 de novembro. “Retomaremos nossa influência a qualquer custo, mesmo que sejamos obrigados a matar aqueles que lideram tais escaladas.”

Poderíamos argumentar que a atitude violenta de Gantz contra os palestinos é meramente a mesma que a postura de Netanyahu e tantos outros líderes israelenses. Entretanto, uma diferença significativa torna Gantz ainda mais perigoso. Caso o ex-general torne-se de fato primeiro-ministro de Israel, teria de assumir seu mandato com muito para provar, uma reputação para construir e manter e inúmeras promessas violentas para cumprir.

Edifícios destruídos após ataques aéreos executados por Israel contra a Faixa de Gaza, em 5 de maio de 2019 [Mohammad Asad/Monitor do Oriente Médio]

É bastante provável que Gantz chegue ao topo do cenário político motivado por um sentimento de retribuição; afinal, já acusou Netanyahu, em outras ocasiões, de ser “fraco” demais em relação a Gaza. “Pessoas que são fracas diante do Hamas em Gaza serão as responsáveis por trazer uma onda de terror à Cisjordânia,” declarou Gantz em agosto, referindo-se ao governo de Benjamin Netanyahu.

Veja bem, Netanyahu, o homem responsável pelo maior índice de mortos em quaisquer guerras lançadas contra Gaza desde 1967, é considerado, segundo a retórica de Gantz, “fraco demais”. Só nos resta imaginar o que significa na prática uma declaração tão agourenta.

A verdade é que, independente de quem governar Israel a seguir, a guerra em Gaza parece iminente. Um governo liderado por Gantz provavelmente tentará acalmar o eleitorado israelense sedento por sangue. Um governo liderado por Netanyahu naturalmente desejará impor-se e provar que, ao contrário das acusações que lhe são feitas, não é um governo “fraco”. Além disso, uma coalizão de governo provavelmente apresentará aos palestinos e à toda a região um monstro de duas cabeças, capaz de combinar todas as forças violentas da ocupação israelense em uma perfeita investida de guerra.

A diferença entre Gantz e Netanyahu é difícil de discernir; nenhum dos dois possui qualquer plano para chegar à paz e à justiça, ou sequer o mais tênue desejo de alcançá-las. Certamente, é satisfatório a muitos observadores que o criminoso de guerra Benjamin Netanyahu deixe o poder; melhor ainda, se trocasse o escritório político por uma cela de prisão, devido a seus numerosos escândalos de corrupção. A triste verdade, no entanto, é que Gantz dificilmente será uma melhor alternativa como primeiro-ministro. Com base em sua retórica de guerra e aniquilação, os planos do general israelense para uma investida militar israelense contra Gaza provavelmente já estão formulados e prontos para serem executados.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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