O governo do Reino Unido lançou uma campanha de repatriação para crianças órfãs de combatentes britânicos do Daesh (Estado Islâmico). A medida que deve realocar três crianças de territórios antes controlados pelo Daesh foi confirmada hoje por Dominic Raab, Secretário de Relações Exteriores, e é considerada um grande avanço em um tópico bastante controverso no país e na Europa em geral.
Abdulkarim Omar, co-presidente do Comitê de Relações Internacionais no norte da Síria, compartilhou ontem (21) em sua página do Twitter que os órfãos foram “entregues a uma delegação representando o Ministério de Relações Internacionais da Grã-Bretanha.” Omar confirmou que os “os pais dos três órfãos britânicos foram membros do Daesh.”
A repatriação das crianças cujos pais com cidadania britânica decidiram viajar à Síria para lutar pelo Daesh ocorre após um longo debate sobre os princípios éticos de tal decisão, particularmente em torno de receios de que poderiam representar uma ameaça à segurança nacional, devido ao tempo que passaram nos campos de refugiados no país árabe devastado pela guerra.
Raab, entretanto, argumentou aos parlamentares britânicos em outubro último que, como tal ameaça à segurança certamente não existe, as crianças deveriam ter concedido o direito de retorno ao Reino Unido. “Estes órfãos inocentes jamais deveriam ter passado pelos horrores da guerra… Nós facilitamos efetivamente seu retorno para a casa pois é a coisa certa a se fazer. Agora deve ser respeitada sua devida privacidade e concedido a eles o apoio necessário para que retornem à vida normal.”
A instituição humanitária britânica Save the Children ofereceu seu apoio à decisão. Segundo a entidade, estima-se que ao menos outras 60 crianças órfãs em condições semelhantes estão asiladas em campos de refugiados no norte da Síria.
O sucesso da campanha para trazer as crianças ao Reino Unido é visto como particularmente positivo após Priti Patel, Secretária de Assuntos Internos e oponente ávida do retorno dos menores, e outros ministros obstruírem uma operação de resgate de tais crianças planejada para ocorrer no último mês, alegando “preocupações de segurança”.