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Pelo fim da opressão de Israel ao intelectual palestino Omar Barghouti

Omar Barghouti, palestino co-fundador do movimento de BDS

Por mais de uma década, Omar Barghouti é considerado um dos mais importantes intelectuais públicos da Palestina. Co-fundador do movimento de boicote, desinvestimento e sanções (BDS) contra as violações israelenses, Barghouti foi uma peça fundamental em divulgar e promover a campanha em defesa dos direitos do povo palestino.

Seus argumentos lógicos, perspicazes e humanistas em favor das ações de BDS tornaram-no uma voz de liderança no cenário internacional.

Barghouti promove o BDS como o principal método pelo qual cidadãos comuns de todo o mundo podem expressar solidariedade prática ao povo palestino. Já há duas décadas, seus argumentos bastante convincentes constituem um elemento absolutamente essencial à ascensão do movimento global de solidariedade por justiça na Palestina ocupada.

O chamado de 2005 pelo movimento palestino de BDS para boicotar Israel concedeu uma série de princípios inequívocos a partir dos quais a campanha global pôde trabalhar. Também estabeleceu diversos objetivos concretos e passíveis de serem alcançados.

Ao contrário do boicote como uma ideia vaga, como muitas vezes foi concebido no passado (quase como um teste personalizado de pureza), o BDS estabeleceu uma série de metas específicas. Isso resultou em sucessivas vitórias do movimento palestino diante da estratégias israelenses, especificamente contra corporações cúmplices da ocupação de Israel, como a Ahava, G4S e Sodastream.

O documento de chamado ao BDS tornou claro os três objetivos do movimento. Em resumo, reivindica liberdade, igualdade e justiça para o povo palestino.

Isso significa o fim da ocupação militar de Israel sobre todas as terras árabes na Palestina histórica; plena igualdade para todos que vivem entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão; fim das diversas leis discriminatórias israelenses contra os palestinos; e implementação do devido direito de retorno dos refugiados palestinos à sua pátria, como estipulado pela Resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Não é nenhuma surpresa, então, que um líder da resistência palestina como Barghouti seja considerado alvo do regime de ocupação israelense, em represália e punição direta ao seu trabalho e ativismo por direitos humanos – em particular, nos últimos anos.

Barghouti foi demonizado e agredido por Israel sob diversos métodos. Em diversas ocasiões, o ativista palestino foi efetivamente impedido de viajar por Israel e seu aliados, por exemplo, ao ter o visto recusado para visitar países parceiros de Israel (incluindo o Reino Unido), sob circunstâncias escusas, além de ser preso e difamado sob acusações falsas que servem de vingança contra seu trabalho.

A última declaração das intenções israelenses contra Barghouti refere-se a uma eventual deportação do intelectual de modo que o impeça de retornar a qualquer parte dos territórios palestinos ocupados. A justificativa de Israel é uma suposta “quebra de lealdade” com o estado sionista. É bastante difícil levar a sério tal alegação – os palestinos não possuem qualquer dever de lealdade ao violento estado ocupante que sistematicamente os expulsou de sua própria terra natal, além de privá-los das mais básicas formas de liberdade por mais de setenta anos.

No último mês, Aryeh Deri, Ministro do Interior de Israel, declarou que planeja agora “agir rapidamente” para revogar os direitos de residência de Barghouti em Israel – isto é, nos territórios palestinos ocupados. Vamos considerar este tópico por um instante.

Barghouti é um refugiado palestino que cresceu no exílio, privado de sua própria terra na Palestina histórica. No início dos anos 1990, Barghouti casou-se com uma cidadã palestina de Israel e obteve êxito ao requerer “unificação familiar”, o que lhe concedeu o direito de residir em Acre, onde vive atualmente com sua família.

Entretanto, como palestino sob o regime de apartheid israelense, Barghouti jamais pôde obter direitos de cidadania.

Um indivíduo judeu que se casa com uma cidadã de Israel obteria automaticamente a cidadania israelense. Mas como palestino, embora casado com uma cidadã palestina de Israel, não possui o mesmo direito – esta é a própria definição de apartheid.

No entanto, Israel deseja agora retirar de Barghouti mesmo seu status precário de “residente”, embora viva em sua própria pátria. Trata-se pura e simplesmente de uma punição por Barghouti expressar livremente seus pontos de vista políticos; por extensão, trata-se de um ataque racista contra todos os palestinos.

A organização palestina de direitos humanos Al Haq condenou as ameaças israelenses de expulsar Barghouti, ao afirmar que “representam uma evidente agressão contra seu direito à liberdade de expressão, incluindo seu trabalho como defensor dos direitos humanos e seus apelos para que o Estado de Israel seja responsabilizado pelas violações sistemáticas e generalizadas contra os direitos humanos do povo palestino.”

Tais medidas são parte de um padrão mais amplo de revogação punitiva do direito de residência a indivíduos de origem palestina em território ocupado militarmente por Israel. A Al Haq declara que essas ações por parte de israel “representam uma clara violação dos tratados e regulações de direitos humanos estabelecidos internacionalmente, às quais Israel deveria respeitar, proteger e cumprir em relação ao povo palestino, em particular no que concerne seu direito legítimo às liberdades de expressão, circulação e residência, que abrangem o direito de viajar do país onde mora para depois retornar.”

Israel continua culpado de “graves crimes de transferência demográfica contra o povo palestino, determinados pela lei internacional”, observou o grupo de direitos humanos.

Por que então os líderes ocidentais permanecem em silêncio? Israel deve dar fim à sua opressão contra Omar Barghouti imediatamente!

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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