Mahmoud Al-Sisi, filho do Presidente do Egito Abdel Fattah Al-Sisi, foi nomeado para um cargo duradouro em Moscou, na Rússia, devido ao seu fracasso para lidar com a imprensa egípcia e a crise política causada pelo informante Mohamed Ali, segundo relatos do jornal online egípcio Mada Masr, corroboradas por diversas fontes.
A influência notável de Mahmoud Al-Sisi sobre a tomada de decisões no governo de seu pai e a menção frequente de seu nome na imprensa, tanto local quanto internacionalmente, resultou em um impacto negativo na imagem do presidente egípcio e passou a ameaçar a estabilidade política de seu governo, declararam as fontes ao Mada Masr.
Em um vídeo que viralizou no mês passado, Massaad Abu Fager, escritor e político do Sinai, acusou Mahmoud de gerenciar uma operação de tráfico de drogas no valor de US$ 45 milhões por meio de túneis que conectam Gaza e o Sinai.
Em setembro, Mahmoud anunciou que o apresentador de televisão Amr Adib iria entrevistar um convidado em seu programa: Mahmoud Al-Sisi. Entretanto, assim que o programa foi ao ar, revelou-se que o convidado não se tratava do filho do presidente, mas sim o diretor de operações de um rede de farmácias de mesmo nome. A manobra do filho do presidente não constrangeu a Irmandade Muçulmana, que também divulgou a entrevista, mas resultou em um processo abrangente de escrutínio público sobre a família Sisi.
No início de outubro, foi relatado que Mahmoud emitiu uma proibição geral para que oficiais de inteligência não deixassem o país, antecipando uma revolta interna após os protestos de setembro que tomaram as ruas por todo o Egito.
Sua transferência para Moscou também deve ajudar, portanto, a aliviar as tensões emergentes no ambiente do Serviço de Inteligência Geral do Egito (mukhabarat), devido ao fato de Mahmoud ser o responsável por remover oficiais de alto escalão que não correspondiam a requisitos de “lealdade ao novo estado” – veteranos conhecidos como “homens de Omar Suleiman”.
A população no Egito realizou protestos por duas semanas consecutivas, após uma série de vídeos divulgados pelo informante egípcio Mohamed Ali revelarem a corrupção generalizada nas fileiras mais altas do governo de Abdel Fattah Al-Sisi, em contraponto a um severo programa de austeridade que afetou a vida cotidiana de pessoas por todo o país.
Uma fonte interna do serviço de inteligência, que conversou com o Mada Masr, afirmou que a responsabilidade para lidar com a crise causada por Mohamed Ali foi atribuída a Mahmoud Al-Sisi, mas este fracassou em contê-la.
Segundo um oficial de alto escalão do governo egípcio, a remoção de Mahmoud do serviço de inteligência neste momento pode ter a intenção de aprimorar suas habilidades ao nomeá-lo enviado militar. Porém, conselhos para que Mahmoud fosse posto de lado vieram de lideranças diretas dos Emirados Árabes Unidos, um dos aliados mais próximos do Egito de Sisi.
“Acreditamos que o papel exercido por Mahmoud Al-Sisi tornou-se problemático e prejudicial à popularidade do presidente nos círculos de poder,” afirmou uma fonte próxima do governo emiradense.
“O conselho foi para que o filho do presidente não ofusque a posição de seu pai, a fim de que não se repita a situação de Hosni e Gamal Mubarak,” relatou a fonte em referência ao ex-ditador egípcio Hosni Mubarak, deposto pela revolução de 2011.