Agnes Callamard, investigadora da ONU para casos de execução extrajudicial, afirmou na última terça-feira (3) que a comunidade internacional ainda não fez o suficiente para garantir que haja justiça no caso do assassinato de Jamal Khashoggi, jornalista saudita radicado nos Estados Unidos.
A relatora da ONU fez um apelo para que haja mais ações efetivas por parte da União Europeia e dos Estados Unidos sobre o assassinato de Khashoggi, executado por oficiais sauditas no consulado da monarquia árabe em Istambul, Turquia, em outubro de 2018.
“Penso que é importante reconhecer que a comunidade internacional, até então, fracassou em seu dever de garantir que não haja qualquer impunidade ou imunidade aos assassinos de Jamal Khashoggi,” declarou Callamard em Bruxelas, capital da Bélgica, segundo a agência Reuters.
A oficial da ONU deseja estabelecer uma investigação criminal internacional, ao invés de meramente um julgamento saudita. Riad, no entanto, rejeitou seus apelos. Em um relatório prévio, Callamard também afirmou ter exigido uma investigação abrangente sobre a participação de Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, e outros oficiais de alto escalão do governo saudita.
Hatice Cengiz, noiva de Khashoggi, acompanhou Callamard em sua viagem a Bruxelas, onde reiterou que deseja “lembrar ao mundo que ainda estão buscando justiça.”
Na ocasião do primeiro aniversário da morte de Khashoggi, no último mês de outubro, a União Europeia reafirmou um apelo para que “os criminosos sejam plenamente responsabilizados,” reiterando a necessidade de uma “investigação transparente e confiável.” Também em outubro, os Estados Unidos afirmou requerer que a Arábia Saudita demonstre “avanços concretos para responsabilizar aqueles por trás do assassinato.”
Khashoggi era residente dos Estados Unidos e crítico contumaz de Bin Salman. Seu assassinato levou à indignação em escala global. Ao todo, onze suspeitos sauditas foram levados a julgamento sobre sua morte; os procedimentos, no entanto, são mantidos em segredo pela Arábia Saudita.
A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) e alguns governos ocidentais já declararam que há indícios notórios de que Bin Salman foi responsável por ordenar diretamente a execução. Contudo, oficiais sauditas afirmam que não houve qualquer participação do príncipe herdeiro.