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Recente inversão da política internacional europeia põe em risco a Palestina na ONU

Palestinos protestam no aniversário da Grande Marcha do Retorno, data que também marca o Dia da Terra Palestina, na fronteira entre Gaza e os territórios ocupados por Israel, em 30 de março de 2019 [Mohammad Asad/Monitor do Oriente Médio]

Em 3 de dezembro de 2019, onze países europeus, incluindo Alemanha e Holanda, romperam um então consenso na Europa e votaram contra uma resolução da ONU, cuja proposta era renovar o mandato da Divisão de Direitos Palestinos das Nações Unidas.

A agência, que opera dentro do Secretariado da ONU, tem como principal função monitorar e avaliar os acontecimentos em campo e organizar encontros e conferências internacionais a fim de dar destaque a áreas de trabalho relevantes à Palestina. A agência também coordena a prática anual do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, em 29 de novembro, e auxilia a desenvolver e manter o Sistema de Informações sobre a Questão Palestina das Nações Unidas (UNISPAL).

A decisão tomada pelos países europeus que votaram contra a renovação do mandato da agência ocorre em um contexto de ataques cada vez maiores desses países a consensos historicamente estabelecidos nas Nações Unidas sobre a questão palestina. Tais ataques – cujo ponto crítico foi o inversão da política europeia diante do voto no Conselho de Direitos Humanos da ONU, contra o Item 7, em março deste ano – aceleraram-se nos últimos meses, devido a esforços crescentes do Ministério de Relações Exteriores de Israel para pressionar figuras de destaque na Europa, tais como Alemanha e República Tcheca.

Ao comentar sobre o voto que contradiz a política anterior dos estados europeus, Yinam Cohen – diretor do Departamento de Assuntos Políticos da ONU dentro do Ministério de Relações Exteriores de Israel – observou a relevância dos esforços do ministério israelense para alcançar “as mais altas autoridades em países do mundo todo”, que então exerceu um papel central em precipitar a mudança de posição da União Europeia relativa a Israel na ONU.

Embora Cohen elogie os esforços dos países europeus neste caso, outros indivíduos que estão na vanguarda do debate sobre a questão palestina buscaram contestar a lógica por trás da inversão da política da União Europeia. Uma dessas pessoas engajadas no processo é Zaher Birawi, jornalista palestino-britânico e presidente do Fórum EuroPal. Birawi escreveu diretamente às chancelarias dos países europeus que mudaram de posição e busca obter respostas sobre a razão pela qual a Europa decidiu adotar tal postura, particularmente em um momento tão crucial para a questão palestina.

Birawi afirma: “Não é surpresa que Alemanha e República Tcheca tenham sido instrumentais nesta inversão de políticas, que representa obviamente uma vitória do Ministério de Relações Exteriores de Israel até então, pois significa a realização tangível de seus esforços na Europa.”

O presidente do fórum palestino-europeu também enfatiza que a inversão de políticas sobre a questão palestina que testemunhamos em 2019 “acende o alerta para aqueles que trabalha para a causa palestina, e sugere a ausência de diplomacia palestina e de qualquer agência que tenha influência sobre os países europeus e a narrativa por todo o continente.” Para preencher essa lacuna, Birawi aconselha: “É preciso agir consideravelmente na diplomacia tanto oficial quanto na esfera pública, além de investir mais no empoderamento da diplomacia pública e em ongs capazes de preencher o vazio deixado pela ausência da diplomacia estatal.”

Este processo diplomático, segundo Birawi, deve ser complementado pela “unificação dos agentes palestinos – tanto em nível político quando sociedade civil – para por em prática esforços conscientes capazes de interromper a escalada negativa de votos antipalestinos nas Nações Unidas.”

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