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Ex-premiê é eleito Presidente da Argélia, mas protestos de massa devem continuar

Votos são contados após fechamento das urnas para as eleições presidenciais na Argélia, em 12 de dezembro de 2019 [Farouk Batiche/Agência Anadolu]

Abdelmadjid Tebboune, ex-Primeiro-Ministro da Argélia, foi eleito novo presidente do país nesta quinta-feira (12). As autoridades argelinas tinham esperanças de que as eleições pudessem dar fim aos meses de levantes populares no país; entretanto, manifestantes que depuseram o predecessor Abdelaziz Bouteflika prometeram manter as manifestações. As informações são da agência Reuters.Tebboune, que serviu como Ministro da Habitação e, brevemente, como Primeiro-Ministro sob o governo de Bouteflika, rompeu com o ex-presidente após desentendimentos com magnatas da elite político-econômica que apoiavam o então governo.

Nesta sexta-feira (13), o ex-premiê foi anunciado como vencedor das eleições presidenciais no primeiro turno, pois obteve mais da metade dos votos (58,15%).

Autoridades afirmaram que 40% dos eleitores registrados na Argélia participaram das eleições desta quinta-feira. Segundo a mídia estatal, este número é suficiente para que os representantes eleitos reivindiquem os resultados e preservem o pleito, apesar de um grande boicote popular.

Manifestantes enxergam a disputa entre apenas cinco candidatos oficialmente sancionados como um esquema ilegítimo para manter a velha elite governante no poder. Espera-se que milhares de manifestantes tomem as ruas em protesto contra o resultado.

As autoridades – incluindo o poderoso exército argelino – argumentam que a única maneira de levar o país adiante após protestos derrubarem os vinte anos de governo de Abdelaziz Bouteflika, em abril de 2019, é eleger um sucessor.

Protestos semanais que depuseram Bouteflika não pararam desde então. Manifestantes exigem a deposição de toda a elite política, para dar espaço a uma nova geração, embora não pareçam ter um líder evidente que seja capaz de representá-los. Os manifestantes referem-se a si mesmos simplesmente como “hirak”, isto é, “o movimento”.

Entre os adversários de Tebboune estavam outro ex-primeiro-ministro, dois ex-ministros e um ex-membro do comitê central do partido do governo.

Manifestantes tomaram as ruas por toda a Argélia também no dia das eleições, nesta quinta-feira. Em alguns locais, houve confrontos com a polícia, que tentou dispersá-los com cassetetes.

Mais tarde, ainda nesta quinta-feira, o órgão responsável pelas eleições na Argélia declarou que nove milhões de argelinos participaram das eleições.

“A participação é satisfatória e dará ao novo presidente apoio suficiente para implementar suas reformas,” alegou Ahmed Mizab, comentarista na televisão estatal. Mizab elogiou a decisão de realizar eleições nacionais na atual conjuntura argelina como algo “propício e correto”.

Por outro lado, Riad Mekersi, de 24 anos, que participa dos protestos “hirak” desde 22 de fevereiro deste ano, na capital Argel, afirmou que movimento continuará a crescer não importa quem vença. “Depusemos Bouteflika e derrubaremos todos homens do sistema. Não iremos desistir,” afirmou Mekersi.

Mesmo se não houvesse controvérsias ou dúvidas sobre a legitimidade da sua eleição, Tebboune enfrentaria tempos difíceis para governar.

Quase todos os recursos do estado argelino são provenientes de exportações de petróleo e gás, as quais declinaram tanto em preço quanto em volume nos últimos anos. O governo já aprovou um orçamento para 2020 com um corte de 9% nas despesas públicas, embora subsídios de caráter político particularmente delicados permaneçam intactos.

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