O controle de Israel sobre a Cisjordânia ocupada entre 2000 e 2017 custou ao povo palestino aproximadamente US$ 47.7 bilhões, número que continua a aumentar, segundo um relatório da ONU divulgado nesta semana.
Este valor equivale a mais de US$ 2.5 bilhões anualmente.
Sob o título de “Custo econômico da ocupação israelense para o povo palestino: aspectos fiscais”, o relatório afirma que a situação deteriorou gravemente a economia palestina, ao privá-la de se beneficiar de recursos econômicos na agricultura, turismo, comércio e recursos naturais, que poderiam reduzir o alto déficit orçamentário dos territórios palestinos.
Apresentado ao Instituto de Pesquisa de Política Econômica da Palestina (MAS) na cidade de Ramallah, Cisjordânia, a estimativa de US$ 47.7 bilhões sobre os dezessete anos em questão é quase o triplo do PIB em 2017, afirmou o relatório.
Os números ilustram como Israel consegue obter seus enormes lucros a partir da ocupação, ao deliberadamente causar perdas financeiras massivas à economia palestina.
O relatório da ONU observou que, caso este valor fosse investido de fato na economia palestina, teria sido capaz de criar dois milhões de empregos no decorrer do período de dezessete anos, uma média de 111.000 empregos por ano.
Lar de mais de 1.5 milhões de palestinos, a taxa de desemprego no território sitiado de Gaza permanece no altíssimo índice de 52 por cento, segundo o Banco Mundial.
O relatório atribui as perdas fiscais a medidas impostas pela ocupação israelense que incluem, entre outras: operações e ações militares, o fechamento imposto sobre a Faixa de Gaza, restrições de acesso e movimento na Cisjordânia, demolição de edifícios e mesmo o arrancamento de árvores.
Misyef Jameel, chefe de pesquisas no MAS, trabalhou no relatório e afirmou ter mensurado somente o impacto fiscal direto. Isso significa que os números reais para todas as perdas podem ser muito maiores, como ele próprio reiterou à agência de notícias AFP.
Para cobrir as perdas fiscais, o governo palestino costuma contar com auxílios internacionais, empréstimos de bancos locais e “débitos acumulados com o setor privado, além de racionalização de despesas.” Tais medidas econômicas desaceleraram os motores do crescimento econômico nos territórios palestinos.
Khaled Al-Osaily, Ministro da Economia da Autoridade Palestina, declarou que os números reais devem ser muito mais altos, conforme informações do jornal israelense The Jerusalem Post.
“Esta estimativa não é precisa, pois há também custos indiretos da ocupação que simplesmente não podem ser mensurados,” afirmou o ministro palestino. “Israel vê sua ocupação ilegal da Cisjordânia como uma fonte de renda. É um projeto lucrativo que gera grandes recursos para Israel.”