Forças israelenses detiveram aproximadamente 200 menores palestinos no bairro de Issawiya, no território palestino ocupado de Jerusalém Oriental, somente nos últimos meses. Na grande maioria dos casos, as prisões violam os direitos mais básicos dos menores palestinos.
Segundo informações da Associação por Direitos Civis em Israel (ACRI), divulgadas pelo jornal israelense Haaretz, mais de 600 residentes locais foram presos desde o lançamento de uma campanha regular de invasões policiais contra o bairro de Issawiya. Residentes e seus advogados afirmam que “cerca de um terço dos detidos são menores.”
O relatório da organização ainda reitera que tais invasões são caracterizadas por flagrantes “violações dos direitos” dos menores detidos, incluindo “uso da força, prisões ocorridas à noite, interrogatórios sem presença dos pais, patrulhas com intuito de intimidação e uso desnecessário de algemas”.
A ACRI denuncia que a polícia israelense “viola sistematicamente os direitos dos suspeitos menores de idade” em Issawiya, e reafirma: “[Embora] a lei possa permitir que a polícia não siga as regras em casos extremos … é impossível que tais circunstâncias excepcionais tenham existido em todos os casos locais, de modo que em nenhum deles a polícia sequer apresentou provas da necessidade de tais ações.”
O relatório da ACRI menciona diversos exemplos perturbadores, como a prisão de um menino de onze anos de idade, realizada há três semanas. A maioridade penal em Israel refere-se à idade de doze anos de idade, o que representa, portanto, uma prisão ilegal.
“Oficiais de polícia colocaram-no em um carro, levaram-no para uma volta em torno do bairro e então à delegacia,” relatou o Haaretz. “Em registro de vídeo da prisão, divulgado nas redes sociais, o enorme medo e ansiedade da criança diante do episódio era evidente,” reiterou.
Quando Samar, pai do menino em questão, foi convocado para comparecer na delegacia de polícia, contaram-lhe que seu filho estava sendo acusado de atirar pedras. “O policial me mostrou um vídeo e disse ‘este é seu filho’, e eu respondi ‘este não é ele’. Somente aí ele olhou para o vídeo e percebeu que não era nada. Então o soltaram,” afirmou Samar.
Em outro caso, um menino de treze anos de idade “relatou que oficiais de polícia invadiram sua casa mesmo ao saber que seus pais não estavam no local.”
“O policial empurrou minha cabeça contra o sofá e então bateu na minha cabeça com algo duro. Acho que era uma granada de gás. Senti muito medo. Eles puxaram as minhas mãos e me algemaram com algemas de plástico e então me levaram para fora enquanto meus irmãozinhos gritavam e choravam lá dentro.”
O menino foi interrogado e liberado algumas horas depois “após seu pai ser convocado na delegacia”, acrescenta o relatório.
A Polícia de Israel alegou ao Haaretz que as ações em Issawiya no decorrer dos últimos meses são em resposta a “centenas de incidentes e distúrbios violentos contra civis e forças de segurança” no local. A declaração israelense também alega que, em 2019, a polícia “identificou claramente atividades nacionalistas de natureza violenta e inflamatória” no bairro palestino.
Outro acontecimento no bairro palestino de Jerusalém, destacado pelo jornal israelense, é a prisão recente de cinco residente locais, “após violarem um mandado de prisão administrativa” que os impedia de “deixar suas residências após o poente … ordem emitida sem a apresentação de qualquer evidência”.
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