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União Europeia remove referência a territórios ‘disputados’ de declaração sobre assentamentos de Israel

10 de janeiro de 2020, às 09h42

Obras no assentamento judaico de Halamish, após declaração dos Estados Unidos alegar que os assentamentos israelenses na Cisjordânia não representam uma violação à lei internacional, em Ramallah, Cisjordânia, 20 de novembro de 2019 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

A União Europeia (UE) removeu uma referência a “terras disputadas” de uma declaração emitida ainda ontem (9) que condenava a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, relatou o jornal Times of Israel.

A versão inicial da declaração assinada por Josep Borrell, chefe de política internacional da União Europeia em Bruxelas, Bélgica, e divulgada por seu porta-voz, Peter Stano, exigia que Israel suspendesse todas as atividades de assentamentos nas “terras ocupadas ou disputadas”.

Pouco depois, uma segunda versão foi publicada, na qual a referência a “terras disputadas” foi apagada. Stano justificou a referência dada na versão anterior por “erro humano”.

Oficiais israelenses e escritórios de advocacia pró-Israel costumam referir-se ao território palestino ocupado como “terras disputadas”, em oposição ao status de território ocupado, estabelecido conforme a lei internacional.

Uma razão para tanto é parte da defesa do empreendimento dos assentamentos a partir de 1967. Os assentamentos israelenses são considerados por grande parte da comunidade internacional um meio de expansão colonial reiteradamente condenados como violação à Quarta Convenção de Genebra.

No início desta semana, foi anunciado que as autoridades israelenses aprovaram a construção de outras 1.936 unidades habitacionais na Cisjordânia ocupada, com a grande maioria destas novas unidades a serem construídas no interior do território palestino, distante da fronteira israelense.

A declaração da União Europeia começa por oferecer um resumo das notícias recentes relacionadas à expansão dos assentamentos, antes de reiterar a posição histórica de Bruxelas, segundo a qual “todos os assentamentos nos territórios palestinos ocupados são ilegais segundo a lei internacional e um obstáculo majoritário à conquista da solução de dois estado e de uma paz duradoura, justa e abrangente, como reafirmado pela Resolução do Conselho de Segurança da ONU n° 2334.”

A declaração ainda faz um apelo para que Israel “comprometa-se plenamente à lei internacional e dê fim a todas as atividades de assentamentos e atos relacionados nos territórios ocupados,” acrescentando que “a violência cometida por colonos contra civis palestinos e suas propriedades deve ser interrompida e impedida imediatamente.”

“A União Europeia também reitera que não reconhecerá quaisquer alterações às fronteiras anteriores de 1967, incluindo no que se refere a Jerusalém, além daquelas acordadas por ambos os lados,” prosseguiu a declaração.

“A União Europeia continuará a apoiar a retomada de um processo significativo em direção à solução de dois estados, o único caminho viável e realista capaz de legitimar as aspirações de ambos os povos,” concluiu o texto.

LER: Reino Unido pede a Israel que interrompa a expansão dos assentamentos ‘imediatamente’