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Irã confirma que avião ucraniano foi abatido por seu exército devido a falha humana

Destroços do avião no local do incidente após um Boeing 737 da companhia aérea Ukraine International Airlines ser abatido perto do Aeroporto Imam Khomeini, no Irã, após decolar com 176 passageiros à bordo, na capital iraniana Teerã, em 8 de janeiro de 2020 [Fatemeh Bahrami/Agência Anadolu]

O Irã confirmou neste sábado (11) que seu exército abateu acidentalmente o avião ucraniano que continha 176 passageiros à bordo. Segundo a declaração iraniana, seu sistema de defesa aérea disparou equivocadamente enquanto estava em alerta máximo, sob tensões imediatas aos ataques de mísseis iranianos contra alvos dos Estados Unidos no Iraque. As informações são da agência Reuters.

Anteriormente, o Irã havia negado veementemente qualquer responsabilidade no incidente. Entretanto, o Líder Supremo Ali Khamenei, que até hoje manteve silêncio sobre o caso, afirmou que a informação deveria tornar-se pública.

O incidente de quarta-feira (8) intensificou ainda mais as pressões impostas pela comunidade internacional sobre o Irã, após meses de atritos com os Estados Unidos, troca de ataques recentes e retaliações.

Em 3 de janeiro, um ataque a drone ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump resultou na morte de Qassem Soleimani, proeminente general iraniano, perto do Aeroporto Internacional de Bagdá, na capital do Iraque. O assassinato de Soleimani levou Teerã a atirar contra alvos americanos em território iraquiano na última quarta-feira.

Canadá – dos quais 57 passageiros à bordo eram nacionais – e Estados Unidos afirmaram então que continham informações para crer que um míssil iraniano fora responsável pela queda da aeronave, embora tenham reiterado a possibilidade de acidente. François-Philippe Champagne, Ministro de Relações Exteriores do Canadá, alertou o Irã: “O mundo está vendo.”

“A República Islâmica do Irã lamenta profundamente por este erro desastroso,” compartilhou o Presidente Hassan Rouhani em sua página do Twitter. “Apresento meus pensamentos e orações a todas as famílias em luto.” Rouhani também prometeu que aqueles responsáveis pelo incidente serão processados devidamente.

Especialistas afirmaram que o escrutínio internacional por diversas partes interessadas no caso tornaria quase impossível encobrir sinais de um ataque a míssil em uma potencial investigação. O Irã, portanto, sentiu que a melhor alternativa seria rever seu discurso político do que intensificar as críticas em âmbito internacional e a indignação e luto em nível nacional.

Muitas das vítimas eram iranianos com dupla nacionalidade.

Em mensagens compartilhadas no Twitter, iranianos indignados questionaram a razão pela qual foi autorizada a decolagem da aeronave diante de tamanha tensão regional, após ações militares do Irã. O avião caiu apenas algumas horas após o exército iraniano lançar foguetes contra bases iraquianas que supostamente abrigavam tropas americanas. O instante, portanto, era de alerta máximo em Teerã para possíveis retaliações.

Em resposta ao anúncio iraniano, o Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenskiy exigiu um pedido de desculpas oficial e plena cooperação do Irã para responsabilizar devidamente os oficiais culpados pelo incidente.

Em referência à investigação militar incipiente sobre a queda do Boeing 737-800, Mohammad Javad Zarif, Ministro de Relações Exteriores do Irã, escreveu em sua página do Twitter: “Erro humano em momento de crise causado pelo aventurismo dos Estados Unidos nos levou ao desastre.”

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